Desde carregamento e autonomia até incentivos fiscais, descubra tudo sobre o carro do futuro.
Última atualização 23 de março de 2022
Foi em 1828 que o húngaro Ányos Jedlik terá desenvolvido o primeiro projeto de motor elétrico e em 1835 que Thomas Davenport construiu o primeiro veículo elétrico. Mas apenas no século XXI este tipo de motores parece estar a banalizar-se. Cada vez mais, as marcas do setor automóvel dedicam-se a desenvolver modelos destas gamas, numa clara resposta à necessidade de mudança deste segmento, fruto das preocupações ambientais que marcam a agenda mundial.
Contudo, ainda são muitas as dúvidas em torno deste tipo de automóveis e dos reais impactos que podem ter na sua vida e na vida do planeta. Antes de fazer a transição para a mobilidade elétrica há que ter em conta fatores como a autonomia das baterias, as formas de carregamento, o preço e até as diferenças na condução. Há muito a ter em conta antes de tomar a decisão de comprar um carro elétrico. Nós ajudamos a esclarecer as principais dúvidas.
Quais as diferenças em relação a um carro tradicional?
Um automóvel elétrico é alimentado por energia elétrica armazenada em baterias, propulsionado por um motor elétrico - este tipo de motores não tem partes móveis nem mecânicas, o que reduz a necessidade de manutenção dos carros elétricos. Pode ser carregado em casa através de um charger (posto de carregamento residencial), através de tomadas domésticas, de preferência reforçadas (já que as tomadas comuns não estão preparadas para aguentar longas sessões de carga com correntes elevadas) e também nos postos de carregamentos públicos aos quais pode aceder facilmente com o cartão de um Comercializador de Energia para a Mobilidade Elétrica (CEME), que pode pedir aqui. A maioria dos modelos elétricos tem também um sistema de regeneração incorporado, que permite aproveitar as travagens para gerar energia elétrica e assim carregar parte da bateria.
A principal diferença entre um carro tradicional e um elétrico está na agenda do dia: um carro elétrico não produz emissões de CO2 enquanto conduz. Numa altura em que, mais do que nunca, as preocupações com o meio ambiente marcam a vida de todos, esta é uma diferença a que não se pode fechar os olhos e que deve influenciar decisões de quem pensa comprar um carro.
Além disto, e ao contrário dos motores convencionais, o motor elétrico é silencioso. Há também diferenças na capacidade de aceleração já que os carros elétricos têm o binário máximo disponível logo desde o arranque, dando uma sensação diferente de condução.
Que tipos de carro elétrico existem?
Só são considerados elétricos os automóveis que dependem a 100% de eletricidade, sem outros motores de combustão. No entanto, existem no mercado automóveis com tecnologias mistas, chamados híbridos (com ou sem plug-in).
Elétricos
São veículos 100% elétricos que não dispõem de qualquer motor a combustão. Por isso, não produzem emissões de CO2 enquanto se conduz, sendo a alternativa mais limpa. Em termos de consumo, e porque o abastecimento a eletricidade é mais barato do que a gasolina ou gasóleo convencionais, garantem também uma maior poupança.
São a melhor solução para quem faz trajetos diários curtos, como por exemplo em ambiente urbano. Para distâncias muito longas – mais de 400km por dia – pode ter de carregar o veículo ao longo do trajeto. Dois dos aspetos fundamentais para optar por um carro 100% elétrico é a possibilidade de carregar o veículo em casa e/ou no trabalho e a distância percorrida diariamente.
Híbridos plug-in
São veículos que dispõem de dois tipos de motorização – a elétrica e a convencional (a gasolina ou a diesel) – que podem funcionar de forma complementar ou independente.
O motor elétrico garante, em média, uma autonomia de bateria até 50 quilómetros, suficiente para as deslocações em ambiente urbano. A partir daí, o motor convencional dá uma ajuda – para que nunca arrisque ficar parado, sem carga suficiente na bateria para completar o percurso.
Como este tipo de veículo tem maior autonomia elétrica que um híbrido sem plug-in, e se funcionar apenas a eletricidade não emite CO2 enquanto conduz. Tal como nos carros 100% elétricos, poderá recarregar as baterias facilmente através de postos de carregamento elétrico públicos ou em casa através de um charger.
Híbridos (sem plug-in)
Tal como na versão plug-in, os veículos híbridos têm um motor elétrico e um convencional. A diferença é que o motor elétrico carrega exclusivamente através do motor convencional (o motor convencional produz energia que alimenta a bateria).
Não é possível ligá-los a um carregador externo e podem funcionar de duas formas:
- o motor convencional exclusivamente alimenta as baterias
- o motor convencional alimenta as baterias, mas também diretamente as rodas.
Nestes casos a autonomia da bateria é reduzida – sendo em alguns modelos apenas utilizada para os arranques do veículo.
Os maiores ganhos são gerados de forma complementar: arranque em modo elétrico (para uma aceleração extremamente rápida e reduzindo as emissões desta fase que são por norma mais elevadas que em velocidade constante) e aproveite, na condução, o recarregamento da bateria por travagem/inércia. Assim terá um menor consumo de combustível.
Qual é a autonomia das baterias?
Esta é uma das questões que mais suscita dúvidas em quem está indeciso entre um veículo convencional a gasolina/diesel e um automóvel elétrico. No entanto, os modelos 100% elétricos mais recentes já apresentam níveis de autonomia atrativos: o recordista no mercado permite cerca de 970 quilómetros de autonomia, contando com uma condução que permita tirar o máximo partido do sistema de regeneração nas travagens. Lembre-se, no entanto, que a utilização de funcionalidades como o ar condicionado reduz a autonomia prevista.
No caso dos híbridos, a autonomia é bastante mais reduzida, porque as baterias são mais pequenas. Os modelos plug-in podem rondar os 50 quilómetros de autonomia, em modo exclusivamente elétrico. A vantagem é que também demoram menos tempo a carregar.
Onde posso carregar a bateria e durante quanto tempo?
Poderá carregar um automóvel elétrico (ou híbrido plug-in) em sua casa – a opção mais prática e confortável ou em postos de carregamento públicos. Neste caso é fundamental ter o seu cartão CEME. Se ainda não tem, peça gratuitamente o cartão Mobilidade Elétrica EDP.
Em casa
Se optar por carregar o automóvel em casa, poderá usar uma tomada convencional com carregamentos até 10A, que não é aconselhado visto as tomadas normais não estarem preparadas para longas sessões de carga (poderá mesmo assim solicitar a instalação de uma tomada “reforçada”). Neste caso, a 10A, prepare-se para esperar até cerca de 8 horas para carregar o equivalente a 100 quilómetros de autonomia. A alternativa é investir num charger, um posto de carregamento doméstico de fácil instalação que garante maior rapidez – entre 4,5 a 2,5 horas, conforme a potência do carregador, para carregar o equivalente a 100 quilómetros de autonomia. Assim, os carregamentos são mais rápidos e garantem maior segurança.
Há vários modelos disponíveis no mercado, muitas vezes disponibilizados pelos próprios fabricantes automóveis. Analise as opções tendo em conta a instalação elétrica de sua casa ou do seu condomínio, os diferentes tipos de conectores necessários e a comodidade de utilização (por exemplo: se pretende gestão de acessos, monitorização de consumos e ligação com smartphone).
Aproveite a tarifa bi-horária ou tri-horária para carregar o veículo durante à noite, já que o carregamento do veículo vai ser incluído na fatura normal de eletricidade, segundo as condições contratualizadas com o comercializador.
Num posto de carregamento público
A rede de postos de carregamento MOBI.E disponibiliza mais de 2.500 postos de carregamento em Portugal Continental, Açores e Madeira. Desses, cerca de 600 são de carregamento rápido e podem garantir o carregamento de 100 quilómetros de autonomia em menos de 30 minutos – o uso de potências mais elevadas de carregamento depende do modelo que possui e o seu uso frequente poderá ter impacto na longevidade das baterias. Nos postos normais (semi-rápidos), poderá demorar entre 4,5 e 1 hora para carregar os 100 quilómetros de autonomia. Procure aqui o posto de carregamento mais próximo. Para o utilizar, terá de aderir ao cartão CEME, sendo que a EDP Comercial oferece vantagens exclusivas para os seus clientes. Conheça todas as vantagens do cartão Mobilidade Elétrica EDP.
O que é o cartão CEME?
É um cartão, que pode pedir a qualquer Comercializador de Energia para a Mobilidade Elétrica, como a EDP Comercial, e que permite acesso à rede de postos públicos da MOBI.E.
Para utilizar esta rede, peça aqui o seu cartão Mobilidade Elétrica EDP, gratuito e disponível em sua casa em apenas cinco dias úteis. No caso do seu veículo elétrico ser da empresa, a EDP Comercial possui uma oferta de cartões CEME específica para estes casos.
Existem incentivos fiscais para comprar um carro elétrico?
O Estado incentiva a compra de veículos elétricos, por serem uma opção ambientalmente favorável. Para 2022, o Incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Baixas Emissões conta com um montante total de 10 milhões de euros.
Veículos elétricos ligeiros de passageiros
Para os ligeiros de passageiros o incentivo passa de 3.000€ para 4.000€, não podendo o valor da compra ultrapassar os 62.500€, incluindo IVA e despesas associadas. O apoio do Estado para a compra destes veículos só está disponível para particulares e cada cidadão pode submeter uma candidatura.
Veículos elétricos ligeiros de mercadorias
O benefício atribuído às pessoas coletivas para a compra destes veículos mantém-se nos 6.000€ por veículo, podendo as empresas submeter, no máximo, duas candidaturas. Os cidadãos particulares são, também, elegíveis para o incentivo à aquisição de ligeiros de mercadorias e o valor é o mesmo das empresas: 6.000€.
Carregadores
Pela primeira vez, o Estado vai apoiar a compra de carregadores para condomínios. O montante total disponível é de 500 mil euros, que poderão corresponder a 270 apoios. O incentivo é de 80% por lugar de estacionamento (até um máximo de 800€), para compra de um carregador com ligação à MOBI.E, aos quais podem ainda acrescer mais 80% para instalação elétrica (até um teto de 1.000€ por lugar).
O apoio do Governo inclui, ainda, a oferta de ligação à MOBI.E, durante 2 anos, para permitir a separação da contagem de eletricidade para carregamento da contagem das partes comuns do edifício.
As candidaturas podem ser submetidas por moradores de prédios de três formas diferentes: morador individual em condomínio, grupos de condóminos ou administrações de condomínio.
Além destes benefícios, quem adquire um veículo elétrico continua ainda a beneficiar de:
- Isenção de Imposto sobre Veículos para carros 100% elétricos;
- Isenção do Imposto Único de Circulação (válido, também, para veículos 100% elétricos);
- Redução de 75% do valor do ISV para os veículos plug-in e de 40% para os híbridos normais;
- Dístico identificativo de veículo elétrico: é gratuito e obrigatório para todos os veículos elétricos que estejam a ocupar uma zona de parqueamento para carregamento público;
- Isenção de tributação autónoma em sede de IRC e o IVA é dedutível;
Vários municípios disponibilizam, ainda, estacionamento grátis para este tipo de veículos e outros benefícios que podem ser acumulados aos atribuídos pelo Estado.
Para se candidatar só precisa de aceder ao portal do Fundo Ambiental e tem até dia 30 de novembro para o fazer.
Vou ter de adaptar a minha condução?
Há diferenças na condução que deve ter em conta. Dada a capacidade de arranque muito rápido, deve dosear o uso do acelerador no início de qualquer trajeto. Além disto, devido ao sistema de recuperação de bateria, poderá sentir uma travagem sempre que tira o pé do acelerador.
Para poder tirar o máximo partido do recarregamento em andamento:
- Sempre que possível, em vez de travar, liberte ligeiramente o acelerador;
- Reduza a aceleração nas descidas, para que o carro possa carregar em andamento;
- Acelere progressivamente;
Fazer as contas: carro elétrico ou convencional?
Conhecidas as principais características, falta fazer algumas contas.
Consumo diário e manutenção
Em termos de investimento inicial, um automóvel convencional ainda é mais barato. Contudo, existem benefícios em comprar um carro elétrico que podem compensar o investimento inicial:
- Tendência da diminuição do preço das baterias refletido no custo de aquisição;
- Incentivos financeiros (Fundo Ambiental);
- Benefícios fiscais para empresas (IVA, IRC, Tributação autónoma);
- Isenção de imposto único de circulação;
- Redução dos custos de parqueamento em algumas cidades;
- Tendência de valorização do veículo elétrico no mercado de usados (valor residual);
- Custos de reparação e manutenção significativamente mais baixos, já que o veículo não precisa de manutenção frequente pela redução de componentes de desgaste rápido (associadas ao motor e caixa de velocidades);
- Custos de energia inferiores ao combustível - um elétrico consome cerca de 2,5€ por 100 quilómetros; as opções a diesel e a gasolina consomem no mínimo, respetivamente, 11€ e 13€.
Pegada ambiental
Em termos ambientais, um carro 100% elétrico não produz emissões de CO2 enquanto conduz, ao contrário dos carros convencionais. Mesmo que a eletricidade usada seja produzida a partir de uma fonte fóssil, o carro elétrico ganha no desempenho ambiental. Um estudo da União Europeia indica que, mesmo nessas circunstâncias, o veículo elétrico usa apenas dois terços da energia de um carro convencional.
Agora que já esclarecemos as suas dúvidas, chegou a altura de começar a poupar a sua carteira e o ambiente.