Do carregamento e autonomia aos incentivos fiscais, descubra tudo sobre o carro do futuro – o carro elétrico.

Última atualização 19 de fevereiro de 2024

Foi em 1828 que o húngaro Ányos Jedlik terá desenvolvido o primeiro projeto de motor elétrico e em 1835 que Thomas Davenport construiu o primeiro veículo elétrico, mas apenas no século XXI é que este tipo de motores começou a ganhar mais popularidade. O ano de 2023 estabeleceu novos recordes: as vendas de veículos 100% elétricos novos cresceram 91,7% em relação a 2022 e, só em dezembro de 2023, foram matriculados 7.291 veículos elétricos novos.

Cada vez mais, as marcas do setor automóvel dedicam-se a desenvolver modelos destas gamas, numa clara resposta à necessidade de mudança deste segmento, fruto das preocupações ambientais que marcam a agenda mundial. Como exemplo disso, em 2023, o uso da rede MOBI.E resultou numa economia de cerca de 55.720 toneladas de CO2, representando um aumento de 93% comparativamente a 2022.

Contudo, é normal que ainda possam surgir algumas dúvidas em torno deste tipo de automóveis. Antes de fazer a transição para a mobilidade elétrica, há que ter em conta fatores como a autonomia das baterias, as formas de carregamento, o preço e até mesmo as diferenças na condução. São vários os aspetos a ter em conta na altura de tomar a decisão de comprar um carro elétrico. Ajudamos a responder às principais questões neste artigo.

Quais as diferenças em relação a um carro tradicional?

Um veículo elétrico é alimentado por energia elétrica armazenada em baterias, propulsionado por um motor elétrico - este tipo de motores não tem partes móveis nem mecânicas, o que reduz a necessidade de manutenção dos carros elétricos. Pode ser carregado em casa através de um charger (posto de carregamento residencial) ou através de tomadas domésticas, de preferência reforçadas (já que as tomadas comuns não estão preparadas para aguentar longas sessões de carga com correntes elevadas) e também nos postos de carregamentos públicos aos quais pode aceder facilmente com o cartão de um Comercializador de Energia para a Mobilidade Elétrica (CEME), que pode pedir aqui. A maioria dos modelos elétricos tem também um sistema de regeneração incorporado que permite aproveitar as travagens para gerar energia elétrica e, assim, carregar parte da bateria.comparador carro tradicional vs carro elétrico

A principal diferença entre um carro tradicional e um elétrico está na agenda do dia: um carro elétrico não produz emissões de CO2 enquanto conduz. Numa altura em que, mais do que nunca, as preocupações com o meio ambiente marcam a vida de todos, esta é uma diferença a que não se pode fechar os olhos e que deve influenciar as decisões de quem pensa em comprar um carro.

Além disto, e ao contrário dos motores convencionais, o motor elétrico é silencioso, mas há também diferenças na capacidade de aceleração, já que os carros elétricos têm o binário máximo disponível logo desde o arranque, dando uma sensação diferente de condução.

Que tipos de carro elétrico existem?

São considerados elétricos os automóveis que dependem a 100% de eletricidade, sem outros motores de combustão. No entanto, existem ainda no mercado automóveis com tecnologias mistas, os chamados híbridos (com ou sem plug-in).

Veículos 100% Elétricos

Os veículos 100% elétricos não dispõem de qualquer motor a combustão. Por isso mesmo, não produzem emissões de CO2 enquanto os conduzimos, sendo a alternativa mais limpa. Em termos de consumo, e porque o abastecimento a eletricidade é mais barato do que a gasolina ou gasóleo convencionais, garantem também uma maior poupança.

São a melhor solução para quem faz trajetos diários curtos, como, por exemplo, em ambiente urbano. Para distâncias muito longas – mais de 400km por dia – poderá ter de carregar o veículo elétrico ao longo do trajeto. Dois dos aspetos fundamentais para optar por um carro 100% elétrico é a possibilidade de carregar o veículo em casa e/ou no trabalho e a distância percorrida diariamente.

Híbridos plug-in

Os híbridos plug-in são veículos que dispõem de dois tipos de motorização – a elétrica e a convencional (a gasolina ou a diesel) – e que podem funcionar de forma complementar ou independente.

O motor elétrico garante, em média, uma autonomia de bateria até 50 km, suficiente para as deslocações em ambiente urbano. A partir daí, o motor convencional poderá dar uma ajuda – levando-o até ao seu destino através da fonte secundária.

Com um híbrido plug-in, consegue maior autonomia elétrica do que com um híbrido sem plug-in, e se funcionar apenas a eletricidade, não emite CO2 enquanto conduz. Tal como nos carros 100% elétricos, poderá recarregar as baterias facilmente através de postos de carregamento elétrico públicos ou em casa, através de um charger.

Híbridos (sem plug-in)

Tal como na versão plug-in, os veículos híbridos têm um motor elétrico e um convencional. A diferença é que o motor elétrico carrega exclusivamente através do motor convencional (o motor convencional produz energia que alimenta a bateria). Não é possível ligá-los a um carregador externo e podem funcionar de duas formas:

  • O motor convencional alimenta exclusivamente as baterias;
  • O motor convencional alimenta as baterias, mas também diretamente as rodas.

Nestes casos, a autonomia da bateria é reduzida – sendo em alguns modelos apenas utilizada para os arranques do veículo.

Os maiores ganhos são gerados de forma complementar: arranque em modo elétrico (para uma aceleração extremamente rápida e reduzindo as emissões desta fase que são, por norma, mais elevadas do que em velocidade constante) e aproveite, na condução, o recarregamento da bateria por travagem/inércia. Assim, terá um menor consumo de combustível.

Qual é a autonomia das baterias?

Esta é uma das questões que mais suscita dúvidas em quem está indeciso entre um veículo convencional a gasolina/diesel e um automóvel elétrico. No entanto, os modelos 100% elétricos mais recentes já apresentam níveis de autonomia atrativos: o recordista no mercado permite uma autonomia de cerca de 776 km. Lembre-se, no entanto, que a utilização de funcionalidades como o ar condicionado pode reduzir a autonomia prevista.

No caso dos híbridos, a autonomia é bastante mais reduzida, porque as baterias são mais pequenas. Os modelos plug-in podem rondar os 50 km de autonomia, em modo exclusivamente elétrico. A vantagem é que também demoram menos tempo a carregar.

Onde posso carregar a bateria e durante quanto tempo?

Poderá carregar um automóvel elétrico (ou híbrido plug-in) em sua casa – a opção mais prática e confortável – ou em postos de carregamento públicos. Neste último caso, é fundamental ter o seu cartão CEME. Se ainda não o tem, peça gratuitamente o seu cartão EDP Charge.


Em casa

Se optar por carregar o automóvel em casa, poderá utilizar uma tomada convencional com carregamentos até 10A, que não é aconselhado visto as tomadas normais não estarem preparadas para longas sessões de carga. Neste caso, a 10A, prepare-se para esperar até cerca de 8 horas para carregar o equivalente a 100 quilómetros de autonomia. Para uma maior segurança, deverá solicitar e contratar a instalação de uma tomada reforçada.

A alternativa mais rápida e segura é investir num charger (ou carregador elétrico), um posto de carregamento doméstico de fácil instalação que garante um carregamento entre 4,5 a 2,5 horas, conforme a potência do carregador e do carro, para os equivalentes 100 quilómetros de autonomia. Há vários modelos disponíveis no mercado, muitas vezes disponibilizados pelos próprios fabricantes automóveis. Analise as opções tendo em conta a instalação elétrica da sua casa ou do seu condomínio, os tipos de conectores necessários e a comodidade de utilização (por exemplo: se pretende acerto de contas com o condomínio, gestão de acessos, monitorização de consumos e ligação com smartphone).


Carregador EDP Charge com logótipo EDP

Aproveite ainda a tarifa bi-horária ou tri-horária para carregar o veículo durante à noite, já que o carregamento do veículo vai ser incluído na fatura normal de eletricidade, segundo as condições contratualizadas com o comercializador. Pode também consultar mais sobre o Plano de Mobilidade Elétrica Verde da EDP aqui.


Num posto de carregamento público

A rede de postos de carregamento MOBI.E disponibiliza um total de 3.766 postos de carregamento e 8.236 tomadas em Portugal Continental, Açores e Madeira. Desses postos, cerca de 1.465 são de carregamento rápido e ultrarrápido, e podem garantir o carregamento de 100 quilómetros de autonomia em menos de 30 minutos – o uso de potências mais elevadas de carregamento depende do modelo que possui e o seu uso frequente poderá ter impacto na longevidade das baterias. Nos postos normais (semirrápidos), poderá demorar entre 4,5 e 1 hora para carregar os 100 quilómetros de autonomia.

Procure aqui o posto de carregamento mais próximo sendo que, para o utilizar, terá de aderir ao cartão CEME. Se for cliente EDP Comercial, pode desfrutar de vantagens exclusivas. Conheça em detalhe todas as vantagens do cartão EDP Charge.

O que é o cartão CEME?

É um cartão que pode requisitar a qualquer Comercializador de Energia para a Mobilidade Elétrica (CEME), como a EDP Comercial, e que permite acesso à rede de postos públicos da MOBI.E.

Cartão EDP Charge

Para utilizar esta rede e carregar o carro com eletricidade 100% verde nos postos da rede pública, peça o seu cartão EDP Charge, disponibilizado gratuitamente para qualquer pessoa, independentemente do fornecedor de energia em casa e em apenas cinco dias úteis.

No caso do seu veículo elétrico ser da empresa, poderá consultar a oferta do cartão EDP Charge Frota, específico para a mobilidade elétrica de empresas.


Existem incentivos fiscais para comprar um carro elétrico?

O Estado incentiva a compra de veículos elétricos, por serem uma opção ambientalmente favorável. Em 2023, o valor disponibilizado pelo Fundo Ambiental respeitante ao Incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Emissões Nulas correspondeu a um montante total de 6.1 milhões de euros – sendo que, desse valor, 5.2 milhões de euros foram atribuídos a veículos ligeiros de passageiros 100% elétricos (no caso de pessoas singulares) e 900.000€ a veículos ligeiros de mercadorias 100% elétricos (pessoas singulares e coletivas).

As candidaturas terminaram em novembro de 2023, no entanto, caso pretenda candidatar-se a uma próxima edição, damos-lhe conta dos valores dos incentivos disponibilizados nesta última (recordando que, em edições futuras, estes poderão alterar-se).

Veículos elétricos ligeiros de passageiros

Para os ligeiros de passageiros, o incentivo é de 4.000€, não podendo o valor da compra ultrapassar os 62.500€, incluindo IVA e despesas associadas. O apoio do Estado para a compra destes veículos só está disponível para particulares e cada cidadão pode submeter uma candidatura. No entanto, é importante ressaltar que o Estado não oferece apoio para a compra de carros híbridos ou híbridos plug-in.

Veículos elétricos ligeiros de mercadorias

O benefício atribuído às pessoas coletivas para a compra destes veículos mantém-se nos 6.000€ por veículo, podendo as empresas submeter, no máximo, duas candidaturas. Os cidadãos particulares são, também, elegíveis para o incentivo à aquisição de ligeiros de mercadorias e o valor é o mesmo das empresas: 6.000€.

Carregadores

O Estado continua a apoiar a compra de carregadores para condomínios. O incentivo é de 80% por lugar de estacionamento (até um máximo de 800€), para compra de um carregador com ligação à MOBI.E, aos quais podem ainda acrescer mais 80% para instalação elétrica (até um teto de 1.000€ por lugar de estacionamento).

O apoio do Governo inclui, ainda, a oferta de ligação à MOBI.E, durante 2 anos, para permitir a separação da contagem de eletricidade para carregamento da contagem das partes comuns do edifício. As candidaturas podem ser submetidas por moradores de prédios de três formas diferentes: morador individual em condomínio, grupos de condóminos ou administrações de condomínio.

Além destes benefícios, os particulares que adquiram um veículo elétrico continuam ainda a beneficiar de:

  • Isenção de Imposto sobre Veículos para carros 100% elétricos;
  • Isenção do Imposto Único de Circulação (válido, também, para veículos 100% elétricos);
  • Redução de 75% do valor do ISV para os veículos plug-in e de 40% para os híbridos normais;
  • Dístico identificativo de veículo elétrico: é gratuito e obrigatório para todos os veículos elétricos que estejam a ocupar uma zona de parqueamento para carregamento público;
  • Isenção de tributação autónoma em sede de IRC e o IVA é dedutível;

Vários municípios disponibilizam, ainda, estacionamento grátis para este tipo de veículos e outros benefícios que podem ser acumulados aos atribuídos pelo Estado.

Vou ter de adaptar a minha condução?

Há diferenças na condução que deverá ter em conta. Dada a capacidade de arranque rápido, deve dosear o uso do acelerador no início de qualquer trajeto. Além disto, devido ao sistema de recuperação de bateria, poderá sentir uma travagem sempre que tira o pé do acelerador.

carro eletrico secundária

Para poder tirar o máximo partido do recarregamento em andamento:

  • Reduza a aceleração nas descidas, para que o carro possa carregar em andamento;
  • Acelere progressivamente.

Vamos fazer as contas: carro elétrico ou convencional?

Conhecidas as principais características, falta fazer algumas contas.

Consumo diário e manutenção

Em termos de investimento inicial, um automóvel convencional é mais barato. Contudo, existem benefícios em comprar um carro elétrico que podem compensar o investimento inicial:

  • Tendência da diminuição do preço das baterias refletido no custo de aquisição;
  • Incentivos financeiros (Fundo Ambiental);
  • Benefícios fiscais para empresas (IVA, IRC, Tributação autónoma);
  • Isenção de imposto único de circulação;
  • Redução dos custos de parqueamento em algumas cidades;
  • Tendência de valorização do veículo elétrico no mercado de usados (valor residual);
  • Custos de reparação e manutenção significativamente mais baixos, já que o veículo não precisa de manutenção frequente pela redução de componentes de desgaste rápido (associadas ao motor e caixa de velocidades);
  • Custos de energia inferiores ao combustível - um elétrico consome cerca de 7,9€ por 100 quilómetros; as opções a diesel e a gasolina consomem no mínimo, respetivamente, 9,9€ e 11,8€.

Pegada ambiental

Em termos ambientais, um carro 100% elétrico não produz emissões de CO2 enquanto conduz, ao contrário dos carros convencionais. Mesmo que a eletricidade usada seja produzida a partir de uma fonte fóssil, o carro elétrico ganha no desempenho ambiental.

Agora que já esclarecemos as suas dúvidas, chegou a altura de começar a poupar a sua carteira e o ambiente.