No caminho entre os carros poluentes a gasolina ou gasóleo e a Mobilidade Elétrica sustentável, os híbridos plug-in são uma opção que deve ter em conta. mas não basta sentar e dar à chave para poupar a carteira ou o planeta. descubra as vantagens e desvantagens dos carros híbridos plug-in.
Como funciona um carro híbrido plug-in e qual a diferença face aos outros?
Explicado de forma simples, o aparecimento dos híbridos plug-in parece o melhor de dois mundos. Ter a suavidade de uma condução elétrica no dia a dia, livre de emissões poluentes, e conseguir chegar a todo o lado sem preocupações com a autonomia das baterias, graças ao funcionamento do motor a gasóleo ou gasolina.
Como sabemos, os veículos com motor a combustão dependem totalmente do gasóleo ou gasolina para funcionarem.
No extremo totalmente oposto, estão os carros 100% elétricos, cuja utilização é totalmente livre de emissões de C02, já que não possui qualquer elemento a combustão. Por isso mesmo, é a alternativa mais limpa e cada vez mais procurada pelos portugueses - inclusivamente, em novembro de 2021 registou-se um marco histórico em Portugal, quando as vendas de carros 100% elétricos superaram as vendas dos carros a gasóleo. E a expectativa é que esta tendência se acentue, à medida que os fabricantes conseguem assegurar cada vez maior autonomia nos carros elétricos que produzem; por exemplo, é muito comum encontrarem-se hoje carros totalmente elétricos, desde as gamas mais altas às mais baixas, com autonomias superiores a 550 quilómetros.
Entre os modelos a combustão e os 100% elétricos, estão os modelos híbridos, que combinam as duas vertentes. Estes dividem-se em dois tipos grandes tipos:
- os carros híbridos plug-in
- os híbridos convencionais (sem plug-in)
Face aos carros a combustão, os híbridos convencionais (sem plug-in) melhoram um pouco a eficiência energética e reduzem as emissões poluentes associadas a esses motores, com recurso a um pequeno motor elétrico, que serve essencialmente como auxílio à condução. A utilização 100% elétrica é curta e a baixas velocidades (parques de estacionamento, primeiras centenas de metros na rua em cidade), pelo que, essencialmente, a componente elétrica reduz consumos e emissões poluentes numa condução regular e calma. Ou então melhora a dinâmica, quando se ‘puxa’ pelo motor a combustão, oferecendo energia extra.
Já os carros híbridos plug-in, ou PHEV (Plug-In Hybrid Electric Vehicle) como são universalmente chamados - trouxeram aos híbridos a capacidade de carregar as baterias através da rede elétrica, aumentando a possibilidade de utilização do carro sem qualquer consumo de combustíveis fósseis. Na prática, traduz-se na possibilidade de carregamento das baterias através de uma fonte externa (tomada e/ou wallbox), um motor elétrico mais potente e baterias maiores, que permitem uma utilização 100% elétrica bastante mais alargada, oferecendo na maioria dos casos uma autonomia acima de 50 km.
Assim, os carros híbridos plug-in estão a um passo dos veículos 100% elétricos, cuja utilização não tem quaisquer emissões se as baterias forem carregadas com eletricidade 100% verde. Mas pelo facto de permitirem autonomias elétricas interessantes para o dia-a-dia, garantindo viagens regulares sem emissões de CO2 e com menor custo, têm sido cada vez mais procurados pelos portugueses.
O segredo dos híbridos plug-in está no carregamento
Os veículos com tecnologia híbrida regeneram parte da energia das baterias durante a condução, quer nos momentos de desaceleração (em descidas, por exemplo), quer nas travagens. Mas essa regeneração não é suficiente para ir suportando a utilização exclusiva das baterias para a condução.
Os híbridos plug-in, por outro lado, permitem recarregar a energia das baterias, seja carregar em casa ou num posto de carregamento disponível ao público, tal como os veículos 100% elétricos. Assim, para uma utilização diária de apenas alguns quilómetros - levar crianças à escola, ir para o emprego ou qualquer outra deslocação curta e “pendular” - basta a energia das baterias, não é necessário recorrer ao motor a gasóleo ou gasolina. O que significa viagens mais verdes e baratas.
E mesmo atingido esse limite de condução elétrica - que em muitos casos ultrapassa os 50 quilómetros de autonomia real, quase ao nível dos primeiros carros elétricos -, um PHEV pode continuar a circular de forma perfeitamente normal, recorrendo nesse caso apenas ao motor a gasolina ou gasóleo.
Quais os benefícios fiscais dos phev?
Além disso, se é certo que os veículos 100% elétricos são os mais beneficiados em termos de incentivos e fiscalidade, os híbridos plug-in ainda mantêm alguma vantagem competitiva face aos motores térmicos e face aos híbridos convencionais (HEV).
O Imposto Único de Circulação (IUC) - calculado em função da cilindrada e das emissões de CO2 - é bastante mais baixo nos PHEV.
E o Imposto Sobre Veículos (ISV) - que os 100% elétricos não pagam -, tem um desconto de 75% nos carros híbridos plug-in, desde que disponibilizem uma autonomia de 50 km e emissões abaixo de 50 g/km.
E quais são as vantagens dos carros híbridos plug-in?
- Possibilidade de utilização 100% elétrica na maioria dos trajetos diários;
- Redução significativa nos custos de deslocação se conseguir utilizar maioritariamente o motor elétrico;
- Possibilidade de carregar as baterias em casa ou nos postos públicos para veículos elétricos;
- Menos consumos e emissões quando se combina o motor elétrico e o de combustão;
- Sem problemas de autonomia se as baterias ficarem sem energia;
- IUC mais baixo e desconto de ISV caso cumpram a regra 50/50 (50 km de autonomia, CO2 de 50 g/km no máximo);
- Possibilidade de entrada em zonas urbanas sem emissões ou de emissões reduzidas, havendo até híbridos que detetam esses locais e limitam a circulação à energia das baterias;
- Oferta alargada de modelos e marcas, com destaque para formatos muito procurados e que ainda não estão tão presentes nos 100% elétricos, como SUV e carrinhas
E as desvantagens?
- O preço de compra do veículo é mais alto do que o de um híbrido convencional ou o de um carro a combustão, esbatendo-se a diferença nas gamas mais elevadas e marcas de luxo;
- Depende do acesso fácil a tomada ou posto de carregamento para aproveitar as baterias – ainda que sejam cada vez mais as soluções para carregar em casa e com a expansão da rede pública, este tema é cada vez menos um entrave;
- A autonomia exclusivamente elétrica não é comparável à de um veículo 100% elétrico;
- Os consumos e emissões são superiores a um carro a combustão se as baterias estiverem descarregadas e se utilizar o motor a combustão;
- Menos espaço na bagageira na maioria dos plug-in, devido à montagem das baterias;
- Tecnologia mais amiga do ambiente do que a combustão, mas ainda assim dependente de combustíveis fósseis, cuja utilização tem cada vez mais entraves;
- Custos de manutenção que podem ser superiores a um carro 100% elétrico, pela presença das duas tecnologias. Contudo, a manutenção da componente elétrica tende a ser bastante menos dispendiosa comparativamente a um carro a combustão.
A poupança dos híbridos plug-in depende muito da utilização
Para os fabricantes automóveis, os híbridos, principalmente os plug-in, foram uma forma eficaz de reduzir as emissões poluentes - de forma a cumprir as exigências internacionais, nomeadamente na União Europeia - sem alterações profundas na gama disponibilizada ou necessidade de inverter totalmente os investimentos previstos.
Para os consumidores - que cada vez mais estão esclarecidos sobre os mitos dos carros elétricos, mas ainda não conseguem escolher essa opção mais sustentável - os híbridos plug-in permitiram encontrar modelos com um bom nível de equipamento, conforto e potência, a um preço semelhante ou até inferior a uma versão equivalente apenas a gasolina ou gasóleo. No entanto, o efeito positivo na carteira - e no planeta - depende muito da real utilização do automóvel.
Se as baterias não forem carregadas, um híbrido plug-in consome mais combustível e polui mais do que uma carro exclusivamente a combustão
Estudos recentes demonstram que os híbridos plug-in, se não forem conduzidos de forma responsável, e se as baterias não forem carregadas regularmente para que a utilização beneficie da autonomia 100% elétrica, têm mais gastos de combustível do que o modelo equivalente sem a tecnologia híbrida, e também libertam muito mais emissões poluentes.
Por um lado, um automóvel híbrido plug-in pesa mais do que uma versão sem essa tecnologia, principalmente devido às baterias, pelo que o motor a combustão tem um esforço maior para mover o carro. Por outro lado, a presença do motor elétrico destina-se precisamente a reduzir os consumos, e as emissões poluentes, pelo que circular com as baterias descarregadas anula essa vantagem.
A condução do plug-in em modo 100% elétrico não implica diretamente o consumo de combustíveis fósseis nem emite gases poluentes. A condução combinada - com o motor elétrico a dar assistência - permite reduzir bastante os consumos e as emissões, que ficam abaixo de um modelo apenas a combustão.
O caminho para a descarbonização: dos híbridos para os 100% elétricos
Os carros híbridos são um primeiro passo, muito importante, para a transição da mobilidade poluente para a nova mobilidade do futuro, mais limpa e sustentável. Mas tendo em conta que os híbridos plug-in não são absolutamente livres de emissões – se se usar o motor a combustão – é expectável que o futuro passe pela afirmação dos carros 100% elétricos como o “novo normal”. Inclusivamente, as suas vendas já começaram a ultrapassar as de híbridos plug-in e até as de modelos a gasóleo em Portugal.
Segundo a UVE - Associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos, em novembro de 2021 houve maior procura de carros 100% elétricos do que de veículos a gasóleo. E foi o terceiro mês em que os PHEV também ficaram abaixo dos elétricos. Em conjunto, os dois tipos de automóveis mais eficientes já representam mais de 30% do mercado em Portugal.
Ao permitirem a utilização exclusiva das baterias no dia a dia, quando associada a deslocações curtas e a um local de carregamento acessível, os híbridos plug-in são uma forma simples de muitas famílias iniciarem o caminho rumo à mobilidade 100% elétrica.
Os plug-in são uma opção a ter em conta, principalmente no caso de modelos familiares de grandes dimensões ou SUV, uma vez que o seu preço é normalmente inferior ao de um veículo elétrico com as mesmas características de espaço e conforto. Por outro lado, quando associado ao fornecimento de energia verde em casa, o carregamento das baterias e a utilização de um plug-in torna-se ainda mais sustentável e amigo do ambiente.