A humidade é um problema comum em Portugal, gera desconforto e até problemas de saúde. Conheça os truques para a eliminar ou prevenir.

É um tema recorrente no outono e no inverno, sendo habituais as queixas dos portugueses sobre o frio e a humidade dentro de casa. Apesar de constantemente se abordar a questão do mau isolamento e eficiência energética das habitações em Portugal, nos últimos anos o problema tem-se agravado, para surpresa de muitas pessoas. A razão é fácil de explicar, e tem tanto a ver com as casas como com o clima e as suas alterações. Felizmente, na maioria dos casos também há formas simples de resolver o problema.

Porque se nota mais humidade em casa ultimamente

2022 foi um ano atípico em Portugal. Depois de meses e meses de seca, com as barragens a atingirem mínimos preocupantes, o final do ano trouxe semanas de chuva intensa por todo o país. O mau tempo sofrido sobrepôs-se, por outro lado, a uma alteração que não estava a ser tão notada por muitas pessoas: dezembro foi o mês mais quente em quase 100 anos, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Estes dois fatores contribuíram para níveis elevados de humidade, que se tornaram mais notórios dentro de casa.

A chuva mais intensa põe a nu os problemas de construção das casas portuguesas, que ficam mais húmidas e desenvolvem mais bolor.

As casas portuguesas têm maiores dificuldades em manter a temperatura, levando as pessoas a evitarem abrir portas e janelas, para proteger do frio. Isso tem como efeito, por outro lado, o aumento da condensação, a acumulação de humidade do ar, mais frio do que o normal, nas superfícies, na forma de gotículas. Sem ventilação ou uma temperatura interior mais amena, as paredes ficam molhadas e a roupa nos armários ou os lençóis na cama parecem igualmente húmidos.

Por vezes surge também o mau cheiro, sinal de que se está a formar bolor, e manchas escuras em determinados locais nas paredes - que confirmam esse mesmo bolor, e que devem ser tratadas com cuidado e com os produtos certos, até para prevenir problemas de saúde.

 

A humidade é só do ar?

Nas casas em que os problemas de humidade são apenas ocasionais, e as manchas são relativamente fáceis de limpar, a condensação é o principal culpado. No entanto, a humidade pode surgir por infiltração - quando existe algum dano nas paredes ou teto, um cano a pingar, ou folga numa janela -, e também por capilaridade, normalmente em moradias ou apartamentos de rés-do-chão, com a água a subir do chão devido a mau isolamento. Em qualquer destes casos, a solução do problema de humidade pode ser mais complexa e requer uma intervenção estrutural.

Antes de tratar os problemas de humidade, convém perceber se a origem está na condensação ou se é um problema estrutural.

Seja qual for a causa, além das preocupações de saúde, a humidade deixa as paredes inestéticas, gera odores desagradáveis, obriga a gastos inesperados - que aumentam substancialmente se o assunto não for tratado. E deteriora rapidamente os materiais, desde chão a paredes e estuque; desde canalizações a torneiras; desde portas a móveis; desde eletrodomésticos a caixilharia.

Dicas para evitar e reduzir a humidade

Subir a temperatura interna para um valor em torno dos 20ºC e melhorar o isolamento térmico são as formas mais eficazes de reduzir ou prevenir os problemas de humidade em casa, embora acarretem custos. Existem também vários truques que se podem seguir, sempre que possível, para resolver esse problema. Não subestime, por exemplo, o poder de um aparelho para medir a humidade ou de uma planta bem escolhida e estrategicamente colocada.

  • Abrir portas e janelas alguns minutos todos os dias, de preferência nas horas de mais calor, mas também se estiver a chover ou noutro horário. A ventilação é essencial;
  • Evitar secar roupa dentro de casa ou usar uma divisão arejada para isso; 
  • Tapar tachos e panelas ao cozinhar e usar o exaustor quando se está a tomar banho, para reduzir o vapor de água no ar;
  • Fechar a porta da casa de banho ao tomar duche e abrir depois a janela, para que o vapor não vá para o resto da casa. O mesmo para a cozinha;
  • Não usar tapetes em divisões mais húmidas como a casa de banho ou a cozinha;
  • Deixar roupeiros abertos para fazer o ar circular e garantir que há espaço entre as peças de roupa penduradas;
  • Utilizar um desumidificador para as divisões mais difíceis de arejar ou de maior condensação;
  • Usar um higrómetro para medir os diferentes níveis de humidade em casa e saber quando e onde atuar melhor. Se no exterior a humidade estiver nos 90%, dentro de casa não convém passar dos 70%;
  • Espalhar saquinhos de sílica gel, café ou sal nas gavetas para absorver a humidade;
  • Pintar paredes com tinta anti-fungos e móveis ou madeiras naturais com verniz, para evitar a formação de bolor;
  • Escolher plantas anti-bolor ou anti-humidade.

Plantas? Sim, descubra quais as melhores

Foi há mais de 30 anos, em 1989, que a NASA patrocinou um estudo para descobrir quais as melhores plantas para usar em ambientes fechados, como estações espaciais. Os resultados ajudaram a definir uma lista de plantas e flores que ajudam a purificar o ar e a reduzir os níveis de humidade, a maioria delas bastante comuns e que podemos já ter em casa sem conhecer o seu poder. Lírio da paz, língua-de-sogra, clorofito, hera, crisântemo, dracaena e aglaonema são algumas das plantas confirmadas como tendo um efeito positivo em ambientes mais fechados.

Ter a casa a uma temperatura agradável é a melhor forma de evitar a humidade, nomeadamente a que surge por condensação. E a eficiência energética pode ser conseguida de diferentes formas, não depende apenas de usar ou não usar um ar condicionado. A casa é cada vez mais um sistema integrado em que a utilização de todas as divisões, o funcionamento de todos os eletrodomésticos e o consumo de energia em geral podem assegurar um equilíbrio constante. Essa gestão eficiente acaba por ter um efeito positivo no conforto e na qualidade de vida a vários níveis.