INVESTIR COM FOCO NA SUSTENTABILIDADE ENERGÉTICA É A MELHOR ESTRATÉGIA PARA UMA EMPRESA REDUZIR CUSTOS, FICAR À FRENTE DA CONCORRÊNCIA E E ENVOLVER OS CLIENTES NO FUTURO DO PLANETA

O futuro terá de ser mais verde. Já não se trata de saber se vamos ou não abandonar os combustíveis fósseis, mas sim de quando o vamos fazer. Graças à rápida e constante evolução da tecnologia, existe já uma vasta panóplia de soluções e alternativas sustentáveis, adaptadas aos vários níveis de maturidade dos mercados na transição energética.


Alterar o consumo de energia para privilegiar a descarbonização é um caminho inevitável, e o consumo eficiente de energia renovável é uma das formas mais eficazes de promover e privilegiar a descarbonização. Os benefícios empresariais da mudança são evidentes.

1. GERIR CONSUMOS PARA POUPAR

Apostar na eletrificação de uma empresa, de uma frota, permite fazer uma análise mais detalhada de consumos, horários e locais/equipamentos, uma vez que todos estes dados são transmitidos à empresa em tempo real. No caso do carregamento de uma frota elétrica, o smart charging permite decidir o início e o fim dos carregamentos consoante as tarifas contratadas, por exemplo. Torna-se mais fácil fazer ajustes no consumo que levam à redução de custos energéticos.

O potencial de poupança cresce com a aposta na energia solar, que ajuda a baixar os custos de energia a prazo. Ter conhecimento dos dados de produção energética pelos painéis em tempo real permite ajustar o consumo às horas de maior produção. Se a este sistema forem associadas baterias solares, a eficiência do sistema de painéis é reforçada, uma vez que o excedente energético produzido nas horas de maior luz solar é armazenado, para ser usado mais tarde, quando não há produção (à noite ou final do dia, por exemplo). Com uma gestão eficiente dos consumos, estes sistemas podem diminuir até 70% a dependência da empresa face à rede, o que se traduz numa poupança na fatura da energia.

Apostar na transição energética, seja ao nível da gestão do consumo de energia e do reforço da eletrificação, seja na mobilidade elétrica para a frota, é uma garantia de poupança a longo prazo e cujos efeitos são notados no imediato. E, se neste momento se trata de conseguir maximizar os lucros através das mudanças energéticas, num futuro próximo pode estar em jogo a atração de investidores. As práticas ecologicamente responsáveis são cada vez mais tidas em conta pelo capital na altura de atribuir viabilidade a uma empresa e esta tendência será cada vez mais notória. O sucesso financeiro nacional e internacional, deste ponto de vista, será possível apenas em negócios verdadeiramente sustentáveis do ponto de vista ambiental e energético.

Carro elétrico estacionado num lugar de carregamento com o cabo ligado

2. ENCONTRAR OS PARCEIROS CERTOS

A transição energética implica normalmente investimentos e compromissos de longo prazo, tanto das empresas consumidoras como das companhias que produzem as tecnologias e energias renováveis. Em Portugal, a EDP e a NOS protagonizaram uma parceria inédita, um PPA que visa o fornecimento de energia verde à operadora de telecomunicações, mas também o investimento num novo parque eólico.

Mas o investimento compensa e não está só ao alcance dos grandes grupos ou das grandes empresas. Também empresas como a Mercolini, uma empresa de componentes para calçado, aprovou um projeto de uma Unidade de Produção em Autoconsumo (UPAC) com cerca de 194 kWp, bem como um contrato de eletricidade verde a 10 anos.

Com os parceiros certos, é igualmente possível apostar na transição energética sem ter de fazer um grande investimento. A EDP Comercial, por exemplo, disponibiliza a modalidade Solar as a Service. A produção de energia solar pela empresa e para o seu consumo é, através deste produto, um serviço e isto significa que o investimento inicial (que para muitas pequenas e médias empresas pode ser pesado) é feito pela EDP Comercial, com a garantia de poupanças na ordem dos 25% na fatura energética para o cliente. O projeto de dimensionamento dos painéis, a sua instalação, reparação ou substituição e manutenção ficam a cargo da EDP. O cliente paga uma mensalidade em troca deste serviço, com a garantia de produção energética ao longo do contrato.

 

Aperto de mãos

3. ANTECIPAR A REGULAÇÃO

O que é facultativo hoje poderá ser obrigatório amanhã, com as entidades reguladoras nacionais e internacionais a apertarem cada vez mais o cerco à utilização de combustíveis fósseis, às emissões de gases carbónicos e à ineficiência energética em geral.

Seguir o caminho da sustentabilidade energética ao tomar já as decisões que permitem reduzir custos e consumos no médio prazo, é um passo seguro para não ter de fazer as contas quando novas regulações, impostos ou licenças entrarem em vigor, com prazos apertados e multas elevadas. Os custos da utilização de automóveis com motores térmicos, por exemplo, têm vindo a aumentar nos últimos anos, quer pelo preço dos combustíveis, quer pela subida de impostos, ao passo que a mobilidade elétrica vai somando vantagens.

Paineis solares no topo de um edifício com o sol a incidir

4. ESTAR UM PASSO À FRENTE E PASSAR A MENSAGEM

É uma das mais antigas máximas dos negócios: quem chega primeiro ganha. A transição energética é uma forma de uma empresa se destacar da concorrência, num momento em que o consumidor é exigente em relação às práticas ecológicas (ou não) das marcas. A sociedade está cada vez mais atenta às questões de sustentabilidade e deteta facilmente quando a mensagem não é transparente.

Investir na transição energética, principalmente quando se consegue estar no pelotão da frente, acaba por ser uma dupla vitória. Além do retorno financeiro com a estratégia de eficiência energética, de produção renovável ou de mobilidade elétrica, uma empresa sustentável pode capitalizar a passagem dessa informação ao mercado. Tanto os clientes como a sociedade percebem quando a mensagem ecológica é justificada.

Muitos especialistas defendem que o mercado e os consumidores são o maior impulsionador da transição energética, e não tanto as regras e imposições, principalmente em empresas com presença internacional ou a tentar apostar nos mercados externos.

- Segundo um relatório da Deloitte, o apoio e incentivo dos clientes e a digitalização de operações foram decisivos para a criação de um plano de sustentabilidade em 70% das empresas.

Isto ganha ainda mais relevância no domínio das PME. Com visão de futuro, uma pequena empresa que avançar na transição energética conseguirá dar o salto que precisa para crescer e, com isso, planear mais cedo a sua internacionalização, se for esse o objetivo.

5. CONSEGUIR MELHOR FINANCIAMENTO

Tanto os apoios e incentivos públicos nacionais e internacionais como o financiamento bancário tradicional seguem uma rota de sustentabilidade crescente. O Plano de Recuperação e Resiliência português, por exemplo, destina perto de três mil milhões de euros, 21% das subvenções, à transição energética, repartidos entre mobilidade sustentável, descarbonização e bioeconomia, eficiência energética e renováveis.

Será cada vez mais difícil conseguir financiamento para novos projetos se a componente ambiental não estiver presente ou já assegurada.

Por outro lado, estão a crescer os benefícios de crédito para projetos de sustentabilidade, bem como as oportunidades de ‘investimento verde’. Estas oportunidades traduzem-se em aplicações financeiras que estão diretamente ligadas a iniciativas ou estratégias empresariais de fundo, relacionadas com a transição energética e com as renováveis. Exemplo disso são os green bonds, dos quais a EDP foi pioneira em Portugal.

COMO IMPLEMENTAR UMA ESTRATÉGIA DE TRANSIÇÃO ENERGÉTICA?

Apostar na sustentabilidade energética, desde as medidas de eficiência e minimização de emissões, investimento na eletrificação de processos e transportes, ou mesmo na geração de energia renovável, é uma estratégia que deve ter um papel de destaque no rumo da empresa. A Centrica, define 6 passos para a estratégia de descarbonização de uma empresa:

1. Compreender detalhadamente a pegada carbónica e a utilização de energia da empresa;
2. Garantir o apoio da estrutura diretiva, com um dossier com os riscos, oportunidades, custos, poupanças e legislação, entre outros fatores a favor da sustentabilidade;
3. Definir metas abrangentes a longo prazo, suportadas por dados científicos, mesmo que as medidas para as atingir não estejam logo desenhadas. Esperar a tecnologia para isso;
4. Definir objetivos a curto e médio prazo que possam ser confirmados e que ajudem à execução gradual das metas gerais;
5. Criar um ambiente colaborativo, com ideias tanto da estrutura interna como de clientes, parceiros ou investidores externos;
6. Calcular os efeitos das medidas de transição energética, a redução de custos e emissões, em todas as áreas, processos ou geografias. Trabalhar com esses cenários para encontrar novas ações e tecnologias de reforço ainda maior da descarbonização.

A transição energética é uma garantia de sucesso para as empresas. A mesma pode ser conseguida com medidas mais rápidas ou mais graduais, mas sempre bem definidas.
Tais medidas podem passar pela utilização exclusiva de eletricidade verde para reduzir a pegada ecológica, ou pelo investimento em produção de energia solar, por uma maior eficiência energética, ou ainda pela troca de veículos de mobilidade elétrica para baixar o consumo de combustíveis fósseis.