A transição energética, na sua definição mais simples, é a substituição gradual de fontes de energia por outras mais eficientes, disponíveis ou baratas.

Isso acontece em função das necessidades de consumo da sociedade, do aparecimento de novas fontes de energia que se tornam competitivas, ou de influência externa, como mudanças políticas ou regulatórias.

No momento atual, a transição energética ganha um fundamento muito mais alargado, pois mais do que dar nova energia ao mundo, procura-se reduzir as emissões poluentes na atmosfera e combater as alterações climáticas, intensificadas pelo uso de combustíveis fósseis.

A transição energética é a caminhada imparável e global para as energias 100% renováveis, para a descarbonização, para a mobilidade elétrica, para equipamentos eficientes, para uma vida cada vez mais verde, movida a fontes de energia renováveis e livre de emissões poluentes.

Transições energéticas ou adições energéticas?

Há quem considere que o crescimento da utilização do carvão, do gás ou do petróleo - pelas alterações que provocaram nas indústrias ou nos transportes ao longo dos últimos séculos -, foram transições energéticas, na medida em que se tornaram rapidamente fontes de energia dominantes.

No entanto, muitos especialistas defendem que só agora estamos numa fase de transição energética, pois no passado o que aconteceu foi um aumento de fontes de energia e uma transferência de consumo de algumas delas para outras áreas.

A massificação do automóvel, por exemplo, tornou o carvão extremamente necessário para a indústria do aço. E se a energia elétrica substituiu o carvão, o gás ou petróleo em determinadas utilizações - como na iluminação pública ou em máquinas fabris -, essas fontes de energia continuaram também a ser muito usadas para a produção da mesma eletricidade. Daí o termo ‘adição energética’, e não transição, para caracterizar estas alterações nos padrões de consumo ao longo da História.

Mudar as fontes de energia, para proteger o planeta

A transição energética não é motivada pela redução da oferta de fontes de energia como o petróleo ou o carvão - cuja ameaça de escassez foi sendo adiada por novas formas de extração.

O que acelera a urgência da transição energética é o efeito nefasto dos combustíveis fósseis na poluição ambiental - afetando pessoas, animais ou plantas - e o aumento global da temperatura provocado por essas emissões de gases de estufa. Em linha com a subida da temperatura vêm os fenómenos climáticos extremos, como secas prolongadas ou inundações e tempestades em regiões onde antes não aconteciam.

Segundo os dados do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), o planeta vai mesmo registar um aumento de temperatura média de 1,5ºC até 2040, em relação a meados do século XIX.

O IPCC indica que os esforços internacionais dos últimos anos não abrandaram o ritmo das alterações climáticas e a meta de suster o aumento da temperatura abaixo dos 2.ºC até 2100 já será muito difícil de atingir.

Como assegurar a transição energética?

É um processo longo, com várias etapas e metas - entre as quais o compromisso da Europa e de dezenas de outros países atingirem a neutralidade carbónica em 2050 -, mas a transição energética passa essencialmente pela redução cada vez maior da utilização de combustíveis fósseis e pela aposta nas energias renováveis para alimentar o consumo de toda a sociedade.

A descarbonização e a neutralidade carbónica (reduzir emissões e compensar num lado as emissões de outro) só se conseguem plenamente com energia limpa.

A eletricidade é o principal caminho a seguir para assegurar a transição, devendo vir exclusivamente de produção solar, eólica ou hídrica. O mesmo para o hidrogénio, já muito usado em diversas indústrias. Se for produzido através de eletrólise da água, com recurso a eletricidade verde, o hidrogénio verde tem um importante papel a cumprir na transição energética e na descarbonização de algumas empresas e dos transportes que tenham mais dificuldade em mudar para a mobilidade elétrica.

A transição energética tem nos governos e decisores políticos os principais impulsionadores, na medida em que criam o ambiente regulatório adequado. Promovem os investimentos, definem as metas, os incentivos e as restrições necessárias para que tanto as empresas como os cidadãos consigam fazer a sua própria transição .

Mas também a sociedade civil e as empresas muitas vezes dão o primeiro passo, apelam aos governos e combatem a inação política com ações concretas.

É possível direcionar a vida pessoal e familiar para a transição energética e há várias formas de o fazer:

Mais do que uma escolha que podemos fazer, a transição energética é uma garantia de algo que vai acontecer, que tem de acontecer, para garantir a sustentabilidade do planeta. A escolha que podemos fazer é: Quando vou dar o próximo passo?