Descubra a nova escala das etiquetas energéticas e aprenda a fazer as escolhas mais eficientes para a sua casa.

Em 1992, a certificação energética dos eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos passou a ser obrigatória em toda a União Europeia. A etiqueta de eficiência energética ajuda os consumidores a fazerem escolhas mais acertadas quando compram um eletrodoméstico. É um critério fundamental para identificar os aparelhos mais eficientes - e que, portanto, consomem menos energia e têm um menor custo de utilização, representando uma poupança na fatura de energia.

Mas saber a eficiência energética de um produto é relevante não apenas pela poupança que os eletrodomésticos mais eficientes permitem gerar: um aparelho mais eficiente é também uma aposta num futuro mais sustentável.

Criada inicialmente com uma escala que ia de A a G, a evolução tecnológica e a colocação no mercado de produtos cada vez mais eficientes levou a que fosse necessário, em 2010, alterar a escala das etiquetas energéticas, que passou a ser de A+++ a G. No entanto, a 1 de março de 2021, a União Europeia fez o caminho inverso e voltou à escala antiga.

O que muda nas novas etiquetas energéticas

O sistema de etiquetagem que inclui as classes A superiores (A+, A++ e A+++) tornou-se obsoleto, já que a grande maioria dos eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos novos, atualmente à venda, já se encontram classificados nesses três níveis. Ou seja, estas classes esgotaram o seu potencial e tornou-se difícil para os consumidores perceberem qual é a diferença efetiva entre cada nível, bem como qual é a mais-valia de um produto de classe A face a um de classe A+, A++ ou A+++.

Assim, em 2017, a União Europeia decidiu deixar cair a classificação até aqui utilizada para regressar à antiga escala de A (mais eficiente) a G (menos eficiente), mais simples e fácil de interpretar. Esta nova etiqueta energética passou a ser obrigatória a partir de 1 de março de 2021, em lojas físicas e online, mas apenas para alguns equipamentos:

  • Aparelhos de refrigeração, incluindo frigoríficos e congeladores;
  • Máquinas de lavar roupa e máquinas combinadas de lavar e secar roupa;
  • Máquinas de lavar loiça;
  • Ecrãs, incluindo televisores, monitores e ecrãs de sinalização digitais;

A partir de 1 de setembro de 2021 serão alteradas as etiquetas das lâmpadas LED e, só depois disso, as de outros equipamentos.

É importante referir que esta classificação não será estática: haverá uma avaliação regular, tendo em conta os avanços tecnológicos, e, quando vários equipamentos atingirem a classe A haverá um novo escalonamento, de modo a incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de equipamentos mais eficientes. Por isso, é bastante provável que, durante estes primeiros tempos, não encontre no mercado equipamentos de classe A (de acordo com a nova escala).

Isto porque, apesar de o desempenho energético do produto ser o mesmo, os procedimentos de teste e ensaio - novos e revistos - são mais adaptados às tecnologias e, por isso, são mais exigentes. Assim, os equipamentos que se situavam nas classes mais altas da escala antiga, passarão agora para classes intermédias, sendo que os mais eficientes, durante esta fase de lançamento, terão classificação B.

Além desta alteração, que é a mais significativa, as novas etiquetas passam também a incluir um código QR que direciona os consumidores para a Base de Dados de Produtos europeia, onde podem encontrar mais informações sobre o desempenho e características dos equipamentos.

Outra das mudanças feita nas etiquetas energéticas tem a ver com o uso de pictogramas. Estes já eram habituais nas etiquetas antigas, e mantêm-se na nova versão, mas alguns foram ligeiramente alterados e outros são totalmente novos. É o caso da eficiência energética no modo de grande alcance dinâmico (HDR) em televisões e monitores ou o tempo de lavagem para máquinas de lavar. Também a forma de apresentação do consumo de energia foi alterada, passando a estar mais proeminente no centro da etiqueta. Este é apresentado em kWh/ano, kWh/1000 horas ou kWh/1000 ciclos, dependendo da categoria do produto a que se refere.

Como ler uma etiqueta de eficiência energética

A etiqueta energética estabelecida pela União Europeia é a forma mais fácil de um consumidor saber quais são os equipamentos energeticamente mais eficientes. É obrigatória para várias categorias de produtos, deve ser fornecida pelos fabricantes do eletrodoméstico e deve ser corretamente exposta nas lojas físicas e online.

Para ser de mais fácil leitura, a etiqueta energética tem um caráter universal, isto é, é única e igual em todos os países do Espaço Económico Europeu. Por isto, é cada vez mais baseada apenas em pictogramas.

As etiquetas energéticas têm como base um pictograma linguisticamente neutro, que é sempre igual, independentemente da categoria do produto: a escala. Esta encontra-se do lado esquerdo e é composta por sete classes divididas por cores: de A, a cor verde (mais eficiente), a G, de cor vermelha (menos eficiente). A classificação do equipamento é traduzida por uma letra, colocada imediatamente ao lado do nível correspondente.

Além da classificação, as etiquetas também fornecem informações adicionais, como por exemplo o consumo energético anual, emissão de ruído, capacidade dos equipamentos, consumo de água ou tempo de lavagem. Estas informações, sendo específicas de cada categoria de produto, irão variar de etiqueta para etiqueta.

Ecodesign: o que é e porque é tão importante

A par das etiquetas energéticas, a União Europeia também definiu, em 2009, uma série de instrumentos regulamentares para garantir que, através da conceção ecológica (ou, como é mais conhecida, do ecodesign), os fabricantes produzem produtos mais eficientes e duráveis, reparáveis e recicláveis, e menos poluentes.

Dez anos depois, em 2019, a União Europeia publicou 9 regulamentos de aplicação da diretiva definida em 2009, que constituem a primeira leva de uma série de novos requisitos de ecodesign, que devem ser obrigatoriamente cumpridos por parte dos fabricantes. Então, o que muda?

A par da nova escala de eficiência energética e das alterações nas outras informações relevantes que devem constar da etiqueta, estes nove regulamentos definem também requisitos específicos para alguns produtos. Além disso, os regulamentos relativos a equipamentos de frio, roupa, louça e ecrãs passam a incluir requisitos que exigem a disponibilização de peças e de informação para reparação.

Em última instância, o ecodesign tem como objetivo melhorar o desempenho energético e ambiental dos produtos, através da integração de elementos-chave durante a conceção dos equipamentos, que podem ser tão variados como a escolha e utilização das matérias-primas, o fabrico, a embalagem, o transporte e a distribuição, a instalação e a manutenção, a utilização e o fim de vida.

Ao adquirir um eletrodoméstico para a sua casa é importante que tenha em consideração todos estes aspetos, para garantir a melhor escolha, ou seja, a escolha mais eficiente.