Para fazer face ao frio, existem diversas soluções. Mas qual será, de facto, o melhor aquecimento para moradias e apartamentos? Entre ar condicionado, aquecedores, lareira ou aquecimento central, descubra a melhor opção para si.

Não há volta a dar. Mal chega o outono e as temperaturas começam a descer, a construção das casas portuguesas começa a dar sinal e a recordar de que somos dos europeus que mais passamos frio dentro de casa. Até porque, de acordo com os dados do Eurostat, Portugal é o 5.º pior país da UE quando falamos em conforto térmico, o que demonstra que a maioria das nossas habitações não estão preparadas para fazer face às mudanças de temperatura e que ainda temos um longo caminho a percorrer no combate à pobreza energética.

Mas afinal, como aquecer a casa de forma inteligente para não passar frio, mas também não arruinar a conta bancária? Há várias opções, as quais dependem, acima de tudo, da utilização que tenciona fazer e de quanto está disposto a gastar para manter a sua casa quente.

Em primeiro lugar, vale a pena olhar para as janelas e portas, uma vez que podem representar cerca de 42% das perdas de calor típicas em casa: se estas permitem que o frio entre e o calor saia, dificilmente vai ter uma casa quente de forma eficiente. Se este for o seu caso:

  • Faça a calafetagem das janelas e portas e minimize assim a entrada de ar
  • Resolva o isolamento das paredes e coberturas de sua casa antes de fazer qualquer outro investimento ao nível da climatização. 

Com este problema tratado, agora sim, chega a vez de pensar nas melhores opções no que diz respeito ao aquecimento da sua casa.

Qual a melhor escolha para aquecer a casa?

Apresentamos abaixo uma comparação das soluções de aquecimento mais comuns.

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Fazendo as contas, a solução mais completa, eficiente e transversal a toda a casa, mas também a todo o ano é, sem dúvida, o ar condicionado.

É certo que, para quem tem acesso a lenha gratuita (sobretudo em moradias), as salamandras e lareiras são uma solução económica, se já estiverem instaladas (caso contrário, o seu custo de aquisição/instalação poderá ser algo elevado); e que o aquecimento central é capaz de proporcionar um bom conforto térmico (contudo, esta pode ser também a solução mais dispendiosa, se a sua instalação não estiver feita de raíz). No entanto, apenas o ar condicionado consegue ter as duas funções de aquecer e refrescar a sua casa - sendo um equipamento para o ano inteiro - de forma económica e sem grandes impactos na fatura mensal (o maior investimento está na instalação). Além disso, é uma solução de aquecimento que tanto serve para moradias como apartamentos.

Mas além destes aspetos, importa ainda notar que a dinâmica diária também poderá ser um ponto importante a ter em conta no que diz respeito à escolha do aquecimento ideal. Afinal, caso tenha uma rotina estrita em que saia de manhã, para ir trabalhar, e chegue apenas ao final do dia, soluções como a lareira ou o aquecimento central não são as mais adequadas – nesse caso, deverá optar por equipamentos como o ar condicionado, que permitem aquecer a casa rapidamente. Mas se, pelo contrário, a sua rotina permite que passe mais tempo em casa, talvez já deva pesar essas duas opções na balança, uma vez que poderão proporcionar-lhe conforto térmico ao longo de todo o dia.

Feito este resumo, explicamos agora em maior detalhe os prós e os contras de cada um dos equipamentos em avaliação.

1. Ar condicionado

O ar condicionado fixo é, cada vez mais, o sistema de aquecimento de eleição, tanto para moradias como para apartamentos. É dos sistemas mais eficientes (chegam a ser seis vezes mais eficientes) e pode ser utilizado durante todo o ano, permitindo controlar a temperatura desejada e mantê-la constante sempre que quiser. Em dias frios, aquece a casa bastante rápido, criando um ambiente aconchegante. No verão, permite arrefecer a sua casa com eficácia e combater o desconforto causado pelo calor excessivo. 

Os modelos modernos de ar condicionado não consomem energia em demasia quando comparados com outras alternativas e não têm riscos para a saúde, desde que se faça manutenção e limpeza anual dos filtros - estes equipamentos permitem a filtragem do ar, captando partículas e poluentes, tais como poeiras, pólen e bactérias. Como único inconveniente, têm os custos iniciais: podem ser um pouco mais dispendiosos de instalar face a outras soluções. Contudo, vale a pena fazer as contas, pois o investimento inicial depressa se dissipa e pode ganhar muito em conforto e qualidade de vida.

2. Aquecedores a óleo

Os aquecedores a óleo estão entre os mais utilizados pelas famílias portuguesas, uma vez que são fáceis de usar e transportar. Chamam-se aquecedores a óleo porque possuem um depósito de óleo no seu interior, o qual é aquecido por uma resistência elétrica, contribuindo, assim, para aquecer o ambiente.

Como principal vantagem, destaca-se o facto de não secarem o ar. Além de que são silenciosos, fáceis de transportar, e continuam a aquecer o ambiente durante algum tempo depois de desligados. Ainda assim, o espaço aquecido por estes equipamentos fica restrito à zona onde o mesmo se encontra ligado e são mais caros do que alguns aquecedores elétricos e, à semelhança destes, a eficiência pode ser um problema, pois demoram a aquecer o ambiente e podem implicar gastos consideráveis de energia se estiverem muitas horas ligados.

Os aquecedores a óleo podem ser uma solução temporária para aquecer pequenas divisões, mas não são a melhor opção como principal aquecimento de moradias e apartamentos.

3. Termoventiladores

Os termoventiladores são uma opção popular para aquecimento. São a solução mais barata de adquirir, portáteis e fáceis de usar, tornando-os uma solução prática para quem procura um aquecimento rápido e direcionado. No entanto, é importante ter em conta que podem consumir muita energia, especialmente se forem usados por longos períodos de tempo, e que não são recomendados para aquecer grandes áreas.

Em termos de eficiência, os termoventiladores podem ser considerados para aquecer divisões pequenas, como quartos ou salas de estar, pelo que não são os mais indicados para aquecer moradias ou apartamentos inteiros, pois podem não ser potentes o suficiente e consumir muita energia. Outra advertência é que alguns modelos podem ser bastante ruidosos, e ainda perigosos se não forem utilizados corretamente.

4. Aquecedores a gás 

Para quem não quer fazer um grande investimento inicial, este tipo de aquecedor é uma alternativa aos aquecedores a óleo: são mais rápidos a aquecer, pois são mais potentes e aquecem facilmente uma divisão.

Como inconveniente, têm o facto de ser necessário substituir a botija de gás quando esta termina, mas, sobretudo, por questões de segurança: ainda que os aparelhos mais modernos estejam equipados com melhores sistemas de segurança, não deixa de ter uma bilha de gás num espaço fechado. É preciso ter a casa ventilada para evitar concentrações elevadas de monóxido de carbono - um gás sem cheiro nem cor, mas tóxico quando concentrado, e que pode inclusivamente causar a morte por inalação. Não é recomendado o seu uso em quartos ou em qualquer outro local onde se durma.

Por último, não é verdade que estes aparelhos sejam mais económicos: o custo do kWh do gás butano é superior ao da eletricidade e a eficiência destes equipamentos é menor. 

5. Lareira, salamandra ou recuperador de calor

Para quem viva em moradias, esta será provavelmente a opção mais em conta, se tiver acesso a lenha gratuita, por possuir um terreno com árvores. No entanto, esta não é a realidade para a maioria dos portugueses, que vivem em apartamentos nas cidades ou em moradias em terrenos sem árvores.

Neste caso, deve considerar substituir a lenha por pellets, um biocombustível renovável e neutro em carbono, com a forma de um granulado prensado, feito com restos de folhas, serradura e lascas de madeira. Se tiver lareira, deve prestar especial atenção à ventilação de sua casa, bem como à extração de fumos. As emissões das lareiras são altamente poluentes - para o ambiente e para os seus pulmões, uma vez que se inalam as partículas libertadas pelo fumo diariamente.

As salamandras, nas suas diferentes versões, são mais compactas, exigem menos esforço de manutenção e o seu rendimento é superior.

Já os recuperadores de calor permitem reter uma maior quantidade de calor, aproveitando entre 50 a 70 % de energia e têm uma fraca emissão de CO2.

Em comum a estes três equipamentos, está o preço de aquisição e instalação, que é relativamente alto, mas também o facto de que qualquer uma destas soluções “suja” a casa devido à acumulação de detritos, cinzas e fuligem que poderão deixar manchas ao seu redor. Além disso, como dissemos acima, são soluções que exigem também algum esforço do ponto de vista do abastecimento.

6. Aquecimento central através de caldeira a gás 

É a opção mais confortável e a que lhe garante uma casa mais quente, por inteiro, sem originar qualquer desconforto físico ou de saúde. Mas os custos são elevados, não só de instalação como de faturas mensais de gás, em particular se for gás propano ou butano, que são mais dispendiosos - ao contrário do gás natural.

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Os mais recentes modelos de caldeiras de condensação são muito eficientes, o que leva a uma poupança no final do mês. No entanto, a instalação, caso não seja de raiz (na construção ou reconstrução da casa) é complicada.