De há uns anos para cá, foram construídos vários quilómetros de ciclovias, de norte a sul do país. Descubra neste artigo as ciclovias de Portugal e como estas promovem a mobilidade sustentável - do Porto ao Algarve, damos-lhe a conhecer as melhores rotas para pedalar.
Nos últimos anos, Portugal tem investido na expansão da sua rede de ciclovias, promovendo a mobilidade suave como uma solução sustentável para deslocações urbanas e lazer. Atualmente, estima-se que existam cerca de 2 000 quilómetros de ciclovias no país, embora os números variem devido à gestão municipal destas infraestruturas.
A utilização de bicicletas, incluindo as elétricas, tem crescido entre quem procura deslocações mais baratas e amigas do ambiente. Além disso, são também cada vez mais as famílias que utilizam bicicletas com atrelados ou cadeirinhas para crianças, tornando esta opção segura e acessível para quem tem pequenotes.
A plataforma Ciclovia.pt, que mapeia ciclovias, ecopistas e ecovias, conta atualmente um total de 1 951 km distribuídos por 353 percursos em território nacional. Existem ainda outros dados através de soluções de fontes abertas como o OpenStreetMap, um projeto de mapeamento colaborativo, livre e editável do mundo, e o projeto Cidade Ciclável, que valem a pena espreitar.
Porquê apostar nas ciclovias?
A utilização de bicicletas e outros meios de mobilidade suave, como trotinetes, oferece múltiplos benefícios, entre eles:
- Redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE);
- Diminuição do tráfego automóvel e dos acidentes rodoviários;
- Promoção da saúde e do bem-estar;
- Maior aproveitamento do espaço público.
A nível europeu, a European Declaration on Cycling reconhece a bicicleta como um meio de transporte essencial para alcançar a neutralidade carbónica. Em Portugal, esta visão é reforçada pela Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa Ciclável que foi criada com uma linha de apoio de 3 milhões de euros para acelerar a construção de ciclovias no âmbito do Portugal Ciclável 2030. Foi ainda reforçado o apoio à aquisição de bicicletas e sistemas de estacionamento de bicicletas pela administração pública, no valor de 200 mil euros em 2024.
Que tipo de ciclovias existem?
Portugal oferece diferentes tipos de ciclovias, adaptadas às necessidades dos utilizadores:
1. Ciclovias urbanas: Integradas nas cidades;
2. Ecovias e Ecopistas: Percursos naturais ideais para lazer;
3. Cicloturismo: Rotas longas como as EuroVelo.
Principais ciclovias em Portugal
De norte a sul do país, destacam-se algumas regiões pela densidade e qualidade das suas ciclovias.
Norte
Ecopista do Minho e Ecovia do rio Lima
A região do Minho é conhecida pela sua imensidão de verde e paisagens de tirar o fôlego a qualquer amante da natureza. Mas não é só. Esta região portuguesa também tem vindo a investir em ecovias, como a Ecopista do Minho, considerada em 2017 como a 3.ª Melhor Via Verde da Europa. Nesta Ecopista, encontrará trilhos por campos de cultivo e vinhas, além da visão panorâmica do rio, proporcionando vistas magníficas aos ciclistas que por ali passam.
Outro destino no norte do país que vale a pena conhecer é a Ecovia do rio Lima, que faz a ligação entre os concelhos de Viana do Castelo e Arcos de Valdevez com uma extensão de aproximadamente 70 km. Descobrirá trilhos à beira-rio e poderá explorar livremente os seis percursos que a compõem.
- Percurso das Veigas: Entre Deão e Ponte de Lima;
- Percurso dos Açudes: Entre Ponte de Lima e Ponte da Barca;
- Percurso das Lagoas: Entre Ponte de Lima e a Ribeira da Silvareira;
- Percurso dos Refóios do Lima: Entre Ponte de Lima e Arcos de Valdevez;
- Percurso do Ermelo: Entre a aldeia do Ermelo e a albufeira do Touvedo.
Ciclovias do Porto
Há cerca de 33,5 km de rede ciclável na cidade do Porto, sendo que esta assenta, sobretudo, em três polos:
- A Ocidente, cruzam-se várias vias na frente de mar - ligam esta zona, Matosinhos, o Parque da Cidade e a frente fluvial;
- A Oriente, o Parque Oriental também tem uma via própria onde se pode pedalar e usufruir da natureza;
- No centro, há uma via para bicicletas que liga os polos universitários e estende-se desde a faculdade de ciências à freguesia de Paranhos. Aí, encontra-se com uma outra ciclovia - a da Asprela.
Estes três eixos estão, para já, isolados. Foram pensados e construídos durante a pandemia - antes, o Porto tinha apenas 19 km de ciclovias. O projeto da Câmara passa, neste momento, por ligar estes três eixos e, quando a obra estiver concluída, será possível percorrer a margem norte do Douro de bicicleta, da zona da ponte do Freixo, à Foz e à praia de Matosinhos.
Pretende-se realizar uma expansão das ligações cicláveis na cidade e encontra-se ainda prevista a expansão do número de pontos de aparcamento de bicicletas na cidade.
Além disto, também o centro da cidade e os seus arredores estarão ligados por ciclovias e, assim, a bicicleta no Porto deixará de ser um veículo apenas de passeio e passará a estar mais presente, com segurança, no dia a dia de quem vive e trabalha na cidade.
Centro
Ecopistas do Dão e do Vouga
A Ecopista do Dão, inaugurada em 2011, situa-se no conhecido Ramal de Viseu, uma antiga linha ferroviária. A ecopista conta com aproximadamente 49 km de extensão que atravessa os concelhos de Viseu, Tondela e Santa Comba Dão, e é particularmente fácil de percorrer de bicicleta, uma vez que não tem subidas significativas.
Já a Ecopista do Vale do Vouga, também construída através do aproveitamento do antigo troço da Linha do Vouga, a sua extensão é significativamente maior e possui ligação à Ecopista do Dão. Durante o percurso por esta ecopista, que pode ser feita nos dois sentidos, passará pelas regiões de Aveiro, do Dão e de Lafões, com paisagens marcadas por paisagens verdes, rurais e habitacionais. Visto que a Ecopista do Vouga pertence à Rede Nacional de Ecopistas, esta possui várias estruturas de apoio, assinaladas como um dos pontos fortes pelos ciclistas, e encontra-se devidamente sinalizada e pavimentada em todo o seu percurso, conferindo uma maior segurança aos seus visitantes.
Ciclovias de Aveiro
Aveiro, junto à sua ria, tem uma paisagem particularmente plana. Aqui, a força das pernas basta para pedalar tranquilamente durante um dia inteiro e, talvez por isso, esta cidade é autora do primeiro projeto de bicicletas partilhadas do país: a BUGA.
O nome significa Bicicletas de Utilização Gratuita de Aveiro e está disponível em 20 estações diferentes, localizadas em vários pontos do Município de Aveiro. São 280 docas/lugares com sistema integrado e inteligente de gestão dos veículos de mobilidade suave, sendo a sua utilização paga.
Existem vários percursos na Ria de Aveiro - um deles estende-se por 234 km e liga o Atlântico, as montanhas e o vale do Vouga. A partir daqui, é também possível entrar na ecopista do Vouga e explorar cenários naturais esplêndidos. Voltando à Ria de Aveiro, há outros dois percursos que ligam os sapais aos pinhais dunares ou o centro da cidade aos vinhedos da Bairrada.
Lisboa
Ciclovias da radial de Benfica e Monsanto
A cidade é conhecida pelas sete colinas, mas com o empurrão da eletricidade, as subidas não são um problema para as bicicletas. Na capital do país, o sistema de bicicletas partilhadas Gira tem mais de mil veículos e conta já com 167 estações de bicicletas manuais e elétricas.
As ciclovias em Lisboa têm cerca de 200 km. Entre os destaques, está a emblemática ciclovia da Almirante Reis, que será requalificada para oferecer maior segurança aos utilizadores. A cidade ainda não tem uma rede de ciclovias completamente integrada - há troços que estão ainda isolados e permitem viagens dentro de bairros ou para as zonas mais próximas. No entanto, o mapa de consulta da Rede Ciclável atual e planeada lisboeta mostra que é esse o futuro: uma cidade onde será em breve possível ir de uma ponta à outra, apenas de bicicleta.
Em meados de 2024, a Câmara de Lisboa partiu ainda para a elaboração do Plano de Ação da Rede Ciclável 2024-25 com o objetivo de aumentar em 50% a rede, o que significa um acréscimo de 90 km - para um total de 263 km até 2025. A isso, somam-se as propostas de construir novas ligações a escolas e universidades, e a aposta na segurança, conforto e funcionalidade. No campo das bicicletas partilhadas, em 2025, a meta serão 193 estações e 1 900 bicicletas ativas, das quais apenas 100 serão não elétricas.
Alentejo e Algarve
Ecovia do Litoral/Costa Vicentina
O Algarve tem vindo a investir significativamente na expansão da sua rede de ciclovias no centro das vilas e cidades, além das várias ecovias que ligam o litoral, de lés-a-lés. Um exemplo notável é a Ecovia da Costa Vicentina, um projeto ambicioso que visa ligar o Alentejo a Sagres.
Atualmente, estão concluídos 91,63 km desta ecovia no concelho de Vila do Bispo, estabelecendo uma ligação direta entre a Ribeira de Odeceixe, no Alentejo, e Sagres, e faltam apenas 16,94 km no concelho de Aljezur para completar o trajeto total de 108,57 km. Esta infraestrutura faz parte da Rede Europeia de Ciclovias, conhecida como EuroVelo, que abrange 14 rotas de longa distância, totalizando 70.000 quilómetros em 42 países europeus.
A Ecovia da Costa Vicentina não se destina apenas ao cicloturismo, mas serve também como uma excelente opção para a mobilidade diária e lazer local. Este projeto integra-se numa iniciativa mais ampla que visa promover a mobilidade sustentável na região.
No âmbito do programa CRESC Algarve 2020, foram concretizados 74 km dos 250 km planeados para a rede de ciclovias da região, representando cerca de um terço do traçado total. Prevê-se que a conclusão dos restantes troços ocorra durante a vigência do atual Programa Regional ALGARVE 2030.
Para melhor se guiar por estas e outras ciclovias do país, há algumas apps a que pode recorrer. O Google Maps, por exemplo, disponibiliza ao utilizador direções para andar de bicicleta nos seus mapas e definições de percursos e, em alternativa, o BikeMaps é uma aplicação para planear, navegar e monitorizar os seus passeios de bicicleta, com milhões de ciclovias em todo o mundo.
Pegue no mapa e nas duas rodas da sua bicicleta - elétrica ou não - e pedale pelo país rumo à sustentabilidade.