Conheça os agentes do setor energético que garantem que as redes da eletricidade e gás natural funcionam sem interrupções, desde o transporte, a distribuição e a comercialização de energia até ao consumidor finaL
Os setores da eletricidade e gás natural funcionam como redes que, partindo dos locais de produção dentro e fora de Portugal, se estendem a todos os pontos do país. Desde o transporte, distribuição e comercialização.
Parece um percurso simples, mas mantém interligados dezenas de Agentes do Setor Energético, para a eletricidade e para o gás natural. Para o consumidor final - seja um pequeno apartamento ou uma empresa com centenas de funcionários - é energia pura que chega através da corrente elétrica ou das tubagens de gás natural.
Já para os agentes envolvidos é uma rede complexa, eficiente e colaborativa, espalhada por todo o país. Envolvida na maioria das fases do processo, principalmente no setor da eletricidade, a EDP é um dos principais intervenientes do mercado.
Eletricidade em produção contínua
Igual na altura de alimentar uma máquina industrial, um eletrodoméstico ou uma simples lâmpada de escritório, a energia elétrica pode vir de diversas fontes, com unidades de produção tão distintas como uma turbina eólica numa montanha, uma estação fotovoltaica numa planície, uma central termoeléctrica perto de uma cidade ou uma barragem num rio.
Em Portugal Continental a energia elétrica é produzida essencialmente através de fontes renováveis - 58,6% em 2020, segundo a REN - Redes Energéticas Nacionais. Nas regiões da Madeira e dos Açores, apesar da energia fóssil ser ainda predominante, o peso das renováveis também tem crescido substancialmente.
O número de agentes de mercado ao nível da produção em Portugal aumentou cada vez mais nos últimos anos, à medida que as renováveis foram ganhando força pelo surgimento de novos projetos eólicos, solares ou hídricos.
As centrais termoelétricas a carvão têm fim anunciado, já o gás natural, a energia fóssil mais limpa, continua com alguma preponderância no setor, acima de 25%. A EDP, presente na produção através de todas as fontes menos o fuelóleo, o diesel e a geotermia (o nuclear não existe sequer em Portugal), representa mais de 50% da energia elétrica no nosso país.
RNT: As autoestradas da energia elétrica
Ao contrário das outras fases do ciclo da energia elétrica para consumo, o transporte primário da eletricidade é garantido por uma só entidade, a REN - Redes Energéticas Nacionais, que assegura essa atividade à saída das centrais de produção através da RNT. A Rede Nacional de Transporte opera essencialmente em ‘muito alta tensão’ (150, 220 ou 400 kilovolts), em articulação constante com a rede de distribuição, que encaminha depois essa corrente nas linhas de alta e média tensão após a passagem por subestações e postos de transformação.
É nesta fase do processo que entra também em cena a eletricidade de origem internacional, negociada através do Mercado Ibérico de Eletricidade. A harmonização das redes de transporte portuguesa e espanhola, bem como a liberalização do mercado a nível europeu, levam a que todos os dias, em função das necessidades e excessos de produção de ambos os lados, a corrente atravesse fronteiras.
Distribuição de eletricidade a cargo da E-Redes
Se o transporte inicial é assegurado pelas ‘autoestradas’ da REN, a distribuição pelas vias rápidas, estradas municipais e caminhos rurais está a cargo da E-Redes, do grupo EDP. A associação a ‘estradas’ não é uma mera analogia, uma vez que, além do escoamento da energia para todo o território, nesta rede está incluída ainda a iluminação da via pública.
A distribuição aos consumidores finais é feita através de linhas aéreas e cabos subterrâneos, passando por subestações e postos de transformação para reduzir a tensão. No entanto, muitas empresas, pela sua necessidade de consumo, suportam a entrada direta de corrente em alta ou média tensão. Apesar da complexidade da rede de distribuição, já é possível contratar um serviço de fornecimento verde, com eletricidade apenas de fontes renováveis.
A E-Redes garante a totalidade da energia distribuída em alta e média tensão no continente e mais de 99% da baixa tensão (BT). As operações em BT estão atribuídas aos municípios portugueses, que podem fazer a concessão das mesmas. A E-Redes é a concessionária na maioria dessas operações, havendo apenas 12 outros agentes: EEM na Madeira, EDA nos Açores e 10 pequenas cooperativas locais no continente.
Comercialização livre, consumidores protegidos
A última etapa na cadeia de fornecimento de energia cabe aos comercializadores, agentes autorizados que podem comprar e vender a eletricidade que chega ao consumidor final.
Em mercado livre os consumidores finais, particulares ou empresas, podem trocar rapidamente de fornecedor sem custos. Em 2017 foi criada em decreto-lei a figura do Operador Logístico de Mudança de Comercializador, para facilitar esse processo e melhorar a transparência, que está a cargo da ADENE - Agência para a Energia.
Existem dezenas de comercializadores com serviços para consumidores domésticos, PME, grandes consumidores e clientes industriais. A EDP Comercial, principal player do setor, atua em todos esses segmentos e lidera o mercado liberalizado tanto em número de clientes (76% do mercado em outubro de 2020, segundo o boletim da ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) como em consumo total comercializado (40%).
Até ao final de 2025 continua a funcionar ainda o mercado regulado para clientes residenciais e pequenos negócios. Na média tensão o limite é o final de 2021 e na baixa tensão especial as tarifas reguladas terminam em 2022. Além de contar com as tarifas de eletricidade definidas pela ERSE, garante o serviço nos locais onde não existam propostas de fornecimento em mercado livre. Os chamados comercializadores de último recurso (CUR) asseguram essa presença, com especial destaque para a SU Eletricidade.
Gás natural: armazenamento como ponto de partida
Extraído no subsolo através de poços terrestres ou marítimos, o gás natural é a energia fóssil mais limpa, tendo aplicações na produção de eletricidade, consumo industrial ou doméstico.
Portugal importa a totalidade do gás natural consumido no país, com a produção a acontecer essencialmente na Nigéria e Argélia.
Sendo assim, o processo de fornecimento em território português começa na receção e armazenamento do gás, que pode estar na forma líquida (GNL) ou gasosa (GN). O único agente de mercado nesta fase é a REN, que opera duas grandes infra-estruturas:
- Terminal GNL de Sines: gás natural liquefeito, que chega por via marítima em navios metaneiros, sendo armazenado a baixas temperaturas (cerca de 160 graus negativos)
- Armazenamento Subterrâneo do Carriço, Pombal: gás natural que chega de Espanha através de gasodutos terrestres, sendo colocado em cavidades subterrâneas naturais a mais de 1.000 metros de profundidade
Transporte a várias pressões
Tal como na eletricidade, o gás natural atravessa uma extensa rede de transporte (RNTGN) com tubagens de várias dimensões e estações de controlo ao longo do percurso que permitem manter a pressão alta, fazer a medição e analisar a qualidade do produto.
A REN assegura o transporte em alta pressão (cerca de 80 bar) antes de fazer a ligação com as redes de distribuição, com pressões menores (20 bar) para clientes domésticos e industriais.
Determinadas empresas, como as que produzem energia elétrica a partir de gás natural, requerem grandes quantidades de matéria-prima e suportam ramais com pressões elevadas.
É também nesta fase do processo de transporte que ao gás natural, praticamente inodoro, é adicionado THT, um composto à base de enxofre que lhe dá o ‘cheiro a gás’, permitindo aumentar a segurança e facilitar a identificação de fugas.
Distribuição: rede em crescimento
A operação das redes de distribuição (OPR) de média e baixa pressão é concessionada pelo Estado português, havendo atualmente 11 OPR, uma delas a própria REN. Estes agentes do setor são responsáveis pela construção, manutenção, operação e exploração de todas as infraestruturas que integram a sua rede, bem como das interligações a outras redes e infraestruturas a que estão ligadas.
A distribuição aos consumidores finais em rede ou a clientes industriais é feita essencialmente através de gasodutos ligados à RNTGN, mas também pode sê-lo a partir de UAG. As chamadas Unidades Autónomas de Gaseificação recebem o gás natural ainda na forma líquida, através de camiões-cisterna que são carregados no Terminal de Sines.
Mercado livre também na comercialização de gás
Agentes últimos do mercado energético do gás, os comercializadores operam em regime livre, tal como na eletricidade. Também no gás, o mercado livre garante aos consumidores a possibilidade de trocar de fornecedor comercial, sendo a ADENE a entidade que assume as funções de Operador Logístico de Mudança de Comercializador.
Há mais comercializadores em regime de mercado para os clientes empresariais do que para os domésticos. Uma razão para isso é o facto de as redes de transporte de gás estarem ainda em expansão, concentrando-se essencialmente na faixa litoral entre as regiões de Lisboa e Porto e no interior centro-norte. Outras bolsas espalhadas pelo território continental são abastecidas por cerca de 20 UAG.
A EDP Comercial está presente nos segmentos doméstico e empresarial do mercado livre e a EDP Gás SU funciona como um dos comercializadores de último recurso no serviço universal. As tarifas reguladas no caso do gás natural, para clientes com consumo anual acima de 10 mil m3, vão ser extintas no final de 2022, três anos antes da extinção para os clientes domésticos. Estes prazos estão harmonizados com os das tarifas reguladas de eletricidade.
Gás e Eletricidade: Milhares de pessoas a trabalhar para todos
Os Agentes do Mercado Energético são centenas de empresas dedicadas, desde pequenos produtores de energia solar a gigantes da produção hídrica e eólica como a EDP; desde pequenas empresas de manutenção de redes de gás a gigantes do transporte marítimo ou das redes de distribuição.
São responsáveis por dezenas de milhares de postos de trabalho, diretos e indiretos. Trabalhadores incansáveis que garantem que a eletricidade chega sem falhas ao seu escritório ou à sua nova frota; ou que o gás tem sempre a pressão certa na cozinha do seu restaurante.