Quando não é possível reduzir mais o consumo, estes são pequenos passos que farão a diferença para conseguir uma vida mais sustentável. Para si, para os outros e para o planeta.

Uma vida cada vez mais sustentável é aquilo procuramos. Mas como consegui-la? Há hábitos de consumo que parecem estar absolutamente instalados e que parecem extremamente difíceis de contrariar. A verdade, no entanto, é que a mudança pode começar por pequenos passos e basta seguir algumas dicas simples para conseguir fazer a diferença no seu dia-a-dia, na sua carteira e, sobretudo, no ambiente. Acima de tudo, é fundamental ter em mente três R’s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

1. Reduza o consumo

Diminuir o consumo é extremamente importante para se alcançar uma vida mais sustentável. E, para tal, o primeiro passo é questionares-se a cada compra: preciso mesmo disto? Abdicando de comprar produtos que, na realidade não precisa, não só poupa dinheiro como poupa o ambiente. Seja um par de calças de ganga extra, seja uma máquina de fazer tostas mistas, todos estes bens gastam na sua produção, água, energia, combustíveis fósseis, entre muitos outros recursos. A isso, é ainda preciso juntar o custo de embalamento, armazenagem e transporte para que cheguem até nós.

Se reduzirmos o consumo de bens, reduzimos esses gastos e diminuímos significativamente a nossa pegada. Ao mesmo tempo, poupamos dinheiro e evitamos o desperdício. E, ao reduzir o consumo, reduzimos também a necessidade de reutilizar e reciclar. Siga estas dicas simples para fazer a diferença:

  • Ao escrever ou imprimir, use as folhas de papel frente e verso para reduzir o seu desperdício;
  • Envie e-mails em vez de cartas;
  • Peça faturas eletrónicas e não em papel;
  • Use guardanapos de pano em vez de guardanapos de papel;
  • Não use descartáveis como pratos, copos e palhinhas;
  • Compre a granel, pois assim pode comprar apenas a quantidade de que precisa, evitando o desperdício quando os produtos ficam fora da validade e acabam por ir para o lixo. E se levar os seus próprios recipientes para encher, evite gastar sacos sem necessidade – sejam eles de plástico ou de papel;
  • Antes de comprar o jantar, pense no que tem no frigorífico e na despensa - talvez tenha em casa o suficiente para fazer uma refeição;
  • Aproveite os alimentos na sua totalidade - os restos de vegetais e a fruta muito madura podem servir para a sopa ou para fazer doces, bolos, batidos e sumos;
  • Tenha atenção aos prazos de validade para evitar que os alimentos se degradem antes que de os comer - organize a despensa e o frigorífico pondo na linha mais visível o que atinge o prazo de validade primeiro;
  • No que respeita à roupa, em vez de produtos muito baratos que se estragam rapidamente, invista em peças intemporais e de melhores materiais, que podem durar vários anos. E, antes de comprar, responda à pergunta: preciso mesmo disto?
  • Se necessita de alguma coisa apenas para usar uma vez ou esporadicamente, vê se não a pode alugar em vez de comprar. Por exemplo, se necessitar de uma serra elétrica para bricolage, experimente alugar. Pode consultar a plataforma portuguesa Rnters, que além de ter criado a iniciativa Pinheiro Bombeiro, promove o aluguer de todo o tipo de bens. Não só irá poupar dinheiro como o planeta.

Horta feita em casa

2. Reutilize os seus bens

O restauro está na moda e não é por acaso: uma peça de mobília pode ser restaurada e, às vezes, uma simples pintura pode fazer milagres. Além disto, a qualidade da madeira usada antigamente não pode ser comparada ao contraplacado usado nos dias de hoje - é, de longe, muito mais resistente e duradoura.

Se já não há mesmo nada a fazer, use a madeira para outros fins, como objetos mais pequenos ou mesmo lenha para a lareira. Um frasco de vidro que continha doce de framboesa pode ser reutilizado na cozinha para guardar qualquer outro alimento ou até servir como um pequeno vaso. Jornais já lidos podem ser utilizados para papel de embrulho, seja para um presente, seja para proteger bens que vão ser arrumados.

E lembre-se: aquilo que para uns é lixo para outros pode ser um tesouro - livros antigos podem ser dados a outras pessoas ou bibliotecas (ou até mesmo vendidos) e a roupa que já não usamos pode ser doada para a caridade ou vendida a lojas de roupa em segunda mão. Nada se desperdiça, tudo se transforma. Até o lixo. Mesmo que não queira (ou não possa) fazer compostagem, veja se algum vizinho faz.

 

Plantação de feijões com moedas

 

3. Recicle aquilo que já não é possível recuperar

Cada português produz, todos os dias, uma média de 1,32 kg de lixo, contribuindo para uma produção anual de 4,75 milhões de toneladas de resíduos urbanos. Apenas 16,5% do total de resíduos produzidos em Portugal são encaminhados para os ecopontos. Atualmente, Portugal recicla cerca de 38% dos seus resíduos mas definiu como meta, até 2022, reciclar 50% do lixo produzido.

Quase tudo pode ser reciclado de forma a tornar-se de novo numa matéria-prima. Mas, para garantir que a sua reciclagem é eficiente, é importante aprender não só o que pode efetivamente ser reciclado, como a fazer a separação de forma correta.

recicla aquilo que não é possível recuperar

Para ser eficaz no processo de reciclagem é preciso, em primeiro lugar, ao comprar, escolher apenas produtos que podem ser reciclados na sua totalidade. Depois há pequenos passos que podem fazer a diferença:

  • Compre produtos amigos do ambiente, feitos de materiais reciclados, e que possam ser reciclados novamente, como frascos de vidro;
  • Evite comprar produtos tóxicos que prejudicam o processo de reciclagem;
  • Ao comprar produtos embalados, certifique-se de que a embalagem não só é reciclada, como reciclável;
  • Antes de deitar para o lixo as embalagens de leite ou sumo, desdobre-as de forma a ficarem planas, pois isso, além de facilitar o transporte, facilita a prensagem realizada durante o processo de reciclagem;
  • Retire as tampas das garrafas e embalagens Tetrapak e separe-as. Faça a mesma coisa com as cápsulas das máquinas de café.