Descubra as principais diferenças entre os vários equipamentos de aquecimento de água para poder tomar a melhor decisão.
É uma dúvida que quase todas as pessoas têm na altura de equipar uma cozinha ou mudar de equipamento. Qual a melhor opção para aquecer a água sem consumir demasiada energia nem correr o risco de ficar sem água quente a meio de um duche? Tudo depende do número de pessoas, dos horários de cada um e do tipo de consumo, mas há características que facilitam a escolha.
Conheça as principais diferenças entre os equipamentos de aquecimento de água mais usados em Portugal - esquentador, termoacumulador inteligente, termoacumulador híbrido, caldeira e bomba de calor.
Esquentador: a solução mais tradicional
Os esquentadores são a solução mais adequada para aquecer água para quem tem fornecimento de gás, principalmente quando associados a um fornecimento ininterrupto de gás natural canalizado em vez das botijas de gás butano ou propano.
Longe vão os tempos da ‘chama-piloto’. Os esquentadores mais modernos, com um tempo de vida útil de 20 anos, arrancam de forma automática ao abrir a torneira, além de recorrerem a tecnologias avançadas de redução de emissões poluentes como o NOx (óxido de nitrogénio). Ecrã digital e sistemas estabilizadores de temperatura também ajudam a um maior controlo.
Para uma casa ou apartamento em que estejam frequentemente várias torneiras a funcionar ao mesmo tempo - cozinha, duche, lavatório -, um esquentador oferece a vantagem de não esgotar a água quente. Isso torna-se ainda mais evidente nos casos em que várias pessoas estão em casa ao mesmo tempo ao longo do dia, como nas férias e/ou em contexto de teletrabalho, combinado com a presença de idosos ou crianças.
Na altura de escolher a capacidade do esquentador, medida em litros de água quente por minuto, deve ter-se em atenção o número de ‘pontos de saída’ (torneiras) e o espaço disponível – sendo que, ainda assim, o espaço exigido por um esquentador é geralmente menor do que qualquer outra solução de aquecimento de água.
Para um ponto de débito, ou seja, uma casa com 1 casa de banho com duche, um esquentador de 11/12 litros deverá ser suficiente; já para uma casa com dois pontos de débito, uma casa com 2 ou mais casas de banho com duche a funcionar em simultâneo, 14-17 litros será o modelo mais recomendado. Não menos importante é a proximidade face às torneiras, para reduzir o desperdício de água fria inicial.
Além disto, alguns esquentadores são pensados para funcionar com sistemas de painéis solares, trabalhando como sistemas de apoio e fornecendo apenas a energia complementar necessária para o aquecimento da água.
Caldeira de condensação: aproveitamento total da combustão
As caldeiras a gás permitem não só aquecer um maior caudal de água face aos esquentadores como também permitem fazer aquecimento central por radiadores, sendo (em relação a estes) mais eficientes, embora também mais caras.
As caldeiras a gás representam, no entanto, uma perda de 30% do calor produzido pela combustão que gera o calor. O funcionamento das caldeiras de condensação resolve este problema: os gases que seriam desperdiçados são conduzidos para uma via secundária e, através da condensação, a caldeira consegue recuperar algum do calor que, de outra forma, seria desperdiçado.
Estas são as caldeiras mais eficientes, fazendo aproveitamento total da combustão que gera o aquecimento. A sua eficiência é particularmente notável quando as temperaturas de aquecimento são baixas, aproveitando verdadeiramente o potencial da condensação. Em condições ótimas de funcionamento, estas caldeiras emitem mais energia do que necessitam para funcionar, gerando uma poupança de 35% na fatura da energia, face a uma caldeira a gás.
Termoacumulador inteligente: menor investimento inicial
Também conhecidos como cilindros, os termoacumuladores são reservatórios de água aquecida pronta a usar. Se no passado, estes equipamentos eram pesados e muito gastadores, os termoacumuladores mais recentes têm características que melhoram bastante a eficiência energética, além de terem um custo inicial mais baixo do que as outras soluções.
Alguns modelos permitem escolher entre uma instalação vertical (mais convencional) ou horizontal, adaptando-se melhor ao espaço disponível em casa. São igualmente uma boa opção quando o objetivo é utilizar apenas equipamentos ligados à corrente elétrica, evitando os riscos inerentes ao gás.
Os termoacumuladores inteligentes conseguem ‘aprender’ as rotinas de quem vive em casa e adaptam o seu funcionamento à utilização da água, originando poupanças até 15% no consumo de energia para aquecer água. Numa rotina de banhos matinais, por exemplo, o equipamento aquece a água umas horas antes, desligando-se ao longo do dia. No entanto uma parte da água, 40 litros, mantém-se aquecida para que esteja disponível de imediato.
Na altura de escolher o termoacumulador é importante ter em conta a capacidade do equipamento: 40 litros é o volume adequado a calcular por pessoa. Além disto, as cubas do termoacumulador devem ser revistas a cada dois anos para evitar calcificação e avarias.
Termoacumulador híbrido: o melhor de dois mundos
Uma das soluções mais recentes em termos de aquecimento de água é o termoacumulador híbrido. Este sistema combina a tecnologia dos termoacumuladores inteligentes com a das bombas de calor, outra solução inovadora.
Quanto a redução de custos, este equipamento tem uma poupança estimada de 50% face a um termoacumulador tradicional. Um pouco como um carro híbrido, a tecnologia do termoacumulador híbrido permite-lhe alternar entre a resistência elétrica e a bomba de calor para gerir a eficiência, ou até mesmo usar ambas para aumentar a eficácia do aquecimento de água.
Os programas – que são passíveis de alterar a qualquer momento - incluem ainda uma opção mais ecológica, que usa apenas a bomba de calor, e outra mais potente, para aquecer a água rápido. E ainda tem um modo personalizável, ajustada às preferências de cada pessoa.
Relativamente a preços, os termoacumuladores híbridos situam-se entre os esquentadores e as bombas de calor. Quanto ao volume de litros necessário, o racional é em tudo semelhante ao dos outros termoacumuladores - 40 litros por pessoa -, podendo estes novos equipamentos ser instalados precisamente no mesmo espaço, usando os mesmos pontos de fixação, entrada e saída de água ou ligação elétrica. Isto aplica-se se estivermos a trocar um termoacumulador tradicional por um híbrido. Se trocarmos um esquentador por um termoacumulador híbrido esta situação já não é aplicável. Além disso, a instalação de um termoacumulador híbrido deve ser feita numa divisão com um volume mínimo de 13m3 devido à ventilação do equipamento.
Num teste recente da DECO, o termoacumulador Lydos Hybrid saiu vencedor destacado face a outros ‘cilindros’ e também esquentadores, tanto a gás de botija como gás natural.
Bombas de calor: a solução mais eficiente
Os campeões da eficiência no aquecimento de água em casa são as bombas de calor ar/água. Com uma classificação energética A+, estes dispositivos conseguem uma poupança que chega a 85% em relação aos termoacumuladores convencionais. Apresentam também as mesmas possibilidades dos termoacumuladores híbridos: modos ecológico, automático/inteligente, rápido e personalizado. Incluem ainda filtros anti-legionella.
O sistema por trás das bombas de calor assemelha-se ao que é usado num ar condicionado. Na prática, o ar exterior que entra - sempre mais quente do que no sistema por onde vai passar - aquece um circuito interno que, potenciado por um compressor, permite subir a temperatura da água até 62ºC. Tudo sem recurso a resistências elétricas e consumo de gás ou outro combustível. As bombas de calor devem ser instaladas numa divisão de pelo menos 20m3.
Apesar de envolver um investimento mais elevado no início, as bombas de calor ar/água baixam imediatamente os consumos de eletricidade. E permite-lhe ainda reduzir o consumo de água até 30%, pois as bombas de calor têm normalmente economizadores de água associados, que controlam o caudal para garantir a eficiência do aquecimento.
Se pretende investir numa bomba de calor, pondere candidatar-se ao Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis – já que estes equipamentos são elegíveis para este apoio – para ter uma comparticipação até 85% do valor da compra (os valores dos apoios do Fundo Ambiental, bem como os prazos, são atualizados ao longo do ano).
Quanto à escolha do equipamento certo para uma casa ou apartamento, além do custo inicial, há que ter em conta o espaço e localização disponíveis. As bombas de calor ar/água requerem acesso facilitado ao exterior e podem ser monobloco ou ‘split’, com uma caixa no exterior da casa ligada ao reservatório de água e bomba no interior.
Mas afinal, qual a escolha certa? Tome nota!
Procura a escolha mais económica?
- Se tem gás natural e não quer investir muito, o esquentador pode ser melhor solução em termos de consumo de energia, porque o gás natural em mercado regulado é mais barato que a eletricidade.
- Se não tem gás natural e não quer investir muito, um termoacumulador é a solução indicada.
Quer a escolha mais eficiente?
- Se quer poupar ao máximo no consumo de energia, então a bomba de calor é a solução mais eficiente.
- No caso de ter um sistema de painéis solares para aquecimento de águas, as bombas de calor ou os esquentadores, que trabalhem em conjunto com os painéis solares, são boas opções.
- A caldeira de condensação é ideal para proporcionar aquecimento central, bem como o aquecimento das águas sanitárias, sendo possível retirar o máximo partido desta solução.
A sua principal preocupação é a segurança?
- Se quer uma casa mais segura e sem os perigos inerentes ao gás, evite esquentadores e opte por termoacumuladores elétricos ou bombas de calor.
Se ainda tem dúvidas e quiser saber qual a solução ideal para si, o melhor é fazer uma simulação personalizada. Dessa forma, tomará a melhor decisão na hora de escolher o equipamento para aquecer água.