Muito se tem falado da adaptação do trabalhador à nova realidade laboral, mas e as empresas? Há novas dinâmicas e abordagens que os líderes defendem hoje como fundamentais no regime de teletrabalho. Para conhecer aqui.

Com a pandemia, o trabalho à distância parece ter vindo para ficar. O “novo normal” que se vive desde março de 2020, impactou profundamente a perceção dos líderes sobre as suas organizações, a forma de trabalhar e também a gestão dos recursos humanos. Foram pensadas novas abordagens para um contexto laboral virtual, que teve de se adaptar rapidamente à nova realidade, à mesma velocidade que a COVID-19 se propagava pelo mundo.

No futuro, provavelmente, predominará um modelo híbrido laboral, que combine dias de trabalho no escritório com dias de teletrabalho. Mas hoje os líderes das empresas ainda se debatem com algumas preocupações: comunicar eficazmente à distância, gerir equipas remotamente ou gerir a eficácia pessoal no teletrabalho. Estas são, pelo menos, algumas das conclusões do estudo da CEGOC (empresa portuguesa de formação, consultoria e recrutamento), “Novo Normal - Quais são os novos desafios das organizações?”, realizado em março e abril de 2021 e no qual participaram 290 pessoas em posições de chefia, em diversas atividades e empresas nacionais.

Comunicação e liderança à distância são requisitos fundamentais

Assim, 88% dos inquiridos não tem dúvidas que a comunicação à distância e a sua eficácia deve ser uma prioridade nos dias de hoje, pautados pelas interações em ambientes digitais. Já 75%, admitiu que é fundamental melhorar a gestão de equipas remotas, passando do controlo e da microgestão para uma relação baseada na confiança e no empowerment. E 68% dos inquiridos identificou ainda a gestão da eficácia pessoal, como o tempo, a organização e a motivação, como fundamental para encarar o teletrabalho.

A estas conclusões juntam-se ainda outras: saber resolver conflitos à distância, formação 100% digital em cada área de competência e aprender a liderar equipas em tempos de caos e incertezas são outras práticas essenciais para enfrentar este “novo normal”, de acordo com estes líderes.

Transformar os desafios em novas oportunidades

Numa altura em que mais de 65% das empresas pretendem manter o teletrabalho em 2021, como mostra outro relatório, divulgado em janeiro de 2021 pela multinacional de consultoria Aon, é preciso definir novas estratégias, substituindo-se os desafios por novas oportunidades. A gestão de novos negócios com uma nova abordagem para novos clientes, pode trazer novas oportunidades para as empresas, alavancadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Há também novas competências desconhecidas que se revelam com o teletrabalho, como as chefias que se mostram preparadas para comandar à distância e o aumento da produtividade de muitos colaboradores.

Mais do que nunca, o diálogo é fundamental entre as organizações e os seus colaboradores, que devem ser ouvidos. Para atender às mudanças de estratégia necessárias, é fundamental que as empresas realizem estudos internos para perceber se o perfil do trabalhador se adapta ao teletrabalho em regime de exclusividade e na sua área de competência, se produz melhor e é mais eficaz no escritório ou ainda se se adapta ao modelo híbrido, dias presenciais com outros em teletrabalho. Neste estudo da Aon, as empresas (30,6%) que ouviram os seus trabalhadores chegaram à conclusão que estes preferem no futuro um modelo de trabalho misto, por exemplo.

Nos próximos anos, espera-se assim uma evidente mudança nas dinâmicas de trabalho nas empresas nacionais e também nas organizações de todo o mundo. Espera-se que o trabalho remoto, enquanto alternativa ou complemento ao trabalho presencial, tenha uma implementação cada vez mais consistente, de acordo com as funções e áreas da competência de cada um.

Hoje, importa que as empresas criem melhores condições num regime de teletrabalho, para garantir a produtividade, a motivação e também a compensação dos seus colaboradores a longo prazo. Já aos trabalhadores, é pedida uma adaptação rápida a este “novo normal”, para que o bom exercício das suas funções não fique comprometido. Diálogo, confiança e motivação são hoje exercícios fundamentais no novo contexto laboral, que pede, mais do que nunca, uma perícia extra em novas tecnologias.