Presente em mais de 50 países, a Revigrés é uma referência no setor cerâmico, revestindo o mundo com histórias, inspiração e arte, há mais de 40 anos. Na sua sede, em Águeda, a instalação de mais de 3600 painéis solares permitiu uma redução na compra de eletricidade na ordem dos 6%.

Fundada em 1977, a Revigrés está hoje presente em mais de 50 países, tendo contribuído com revestimentos e pavimentos cerâmicos para obras emblemáticas como a Basílica La Sagrada Família, em Barcelona; o Harrod’s, em Londres; lojas de marcas como a Victoria’s Secret, a Jo Malone, a McDonald’s, a Starbucks, a Bentley e a Rolls Royce; aeroportos internacionais na Rússia e na Polónia, estações de metro em Espanha, Arábia Saudita, Holanda e Inglaterra; centro comerciais; estádios de futebol; hotéis; hospitais; escolas; restaurantes e casas.

Destacou-se, desde cedo, num país com forte tradição em cerâmica, pela aposta no design e na inovação, sendo a única empresa portuguesa no setor cerâmico com a quádrupla certificação dos seus sistemas de gestão integrados, nos seguintes referenciais: Qualidade; Ambiente; Responsabilidade Social; Investigação, Desenvolvimento e Inovação.

Com dezenas de prémios, nacionais e internacionais, de design, de qualidade, mas também das boas práticas, para a Revigrés, a sustentabilidade ambiental faz parte da agenda desde a origem da marca.

Em parceria com a EDP, foi instalada uma central de autoconsumo composta por mais de 3600 painéis, que permitem uma produção anual superior a 1000 MWh e uma redução das emissões de CO2 de 526 toneladas por ano. Além disto, esta central permitiu à Revigrés uma redução na compra de eletricidade na ordem dos 6%.

EDP: Nos mais de 40 anos de vida da Revigrés, em que a inovação fez sempre parte do ADN da empresa, quando é que as preocupações ambientais começaram a fazer parte da agenda? Quais foram as primeiras medidas adotadas e promovidas sobre esta temática?

Paula Roque: A Revigrés destacou-se, desde o início, pelos compromissos que assumiu com a sustentabilidade ambiental no desenvolvimento da sua atividade. Nesse sentido, logo em 1982, cinco anos após a fundação da empresa, avançou com a instalação de fornos de nova geração para poupança de energia.

No seguimento de uma política ambiental estruturada, em 1996, procedeu-se à instalação de tulhas para completa segregação de resíduos do processo e à modernização da Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos Industriais. De seguida, em 1998, deu-se a adesão da empresa ao pacto de adaptação ambiental para cumprimento das normas Europeias respeitantes à gestão da qualidade dos efluentes gasosos, efluentes líquidos e resíduos sólidos industriais.

Em 2000, tem início a instalação dos equipamentos de proteção ambiental para processo de Certificação ISO 14001 e, em 2008, a Revigrés torna-se a primeira empresa do setor de revestimentos e pavimentos cerâmicos a receber o Certificado do Sistema de Gestão Ambiental da APCER, em conformidade com a norma de referência NP EN ISO 14001:2004.

EDP: Como se encontra o equilíbrio entre ser uma empresa de sucesso e ser uma empresa com preocupações sustentáveis? Existe um preconceito generalizado de que estes dois aspetos são muitas vezes incompatíveis?

P.R.: Na Revigrés, consideramos que o sucesso de uma empresa é indissociável das suas preocupações com a sustentabilidade, seja ela ambiental, económica ou social. Nesse sentido, prosseguimos os nossos objetivos criando valor e integrando os desafios económicos, ambientais e sociais nas nossas estratégias de ação. Acreditamos que, desta forma, transformamos a sustentabilidade numa forte vantagem competitiva.

EDP: A sede da Revigrés, em Águeda, tem instalados mais de 3600 painéis solares. O que levou a esta decisão e como foi o processo até efetivamente tomarem esta opção? Quais eram os principais receios?

P.R.: A instalação de uma central de autoconsumo nas nossas instalações, em Águeda, representou um passo relevante no caminho da sustentabilidade ambiental que temos vindo a percorrer desde o início da nossa atividade.

EDP: O aconselhamento da EDP foi fundamental neste processo? De que consistiu?

P.R.: Sim. Pudemos contar com o aconselhamento técnico de uma equipa especializada que avaliou todas as variáveis - internas e externa - para desenhar e implementar a melhor solução. Por outro lado, a EDP é também responsável pela manutenção e garantia de funcionamento da instalação de acordo com os parâmetros definidos.

 EDP: E em relação à instalação propriamente dita, esta teve impactos no normal funcionamento da empresa?

P.R.: A instalação decorreu sem qualquer impacto no normal funcionamento da empresa.

EDP: Houve uma redução na compra de eletricidade de cerca de 6%. Em termos financeiros, estamos a falar de que nível de impacto para a empresa?

P.R.: Com a instalação da central de autoconsumo, verificou-se uma redução na compra de eletricidade na ordem dos 6%, passando a Revigrés a produzir esta energia localmente e de uma forma limpa e sustentável. Esta redução permitirá obter o retorno do investimento nos equipamentos ao final de um quarto da sua vida útil. Desta forma, a Revigrés estará durante três quartos da vida útil da instalação com o seu valor amortizado e a produzir energia, sem custos.

EDP: A Revigrés tem bastantes outras medidas no que diz respeito à promoção de um melhor desempenho ambiental, como é o caso da incorporação de resíduos na produção, a reutilização das águas residuais industriais e a utilização de embalagens recicladas e paletes tratadas. O que mais destacariam neste campo?

P.R.: De facto, seguimos uma Política Ambiental estruturada, apoiada no investimento em inovação e na adoção de um comportamento eco-eficiente.

À valorização de 98% dos resíduos do processo, incorporados diretamente na produção e noutros processos fabris, à reutilização da totalidade das águas residuais industriais e à utilização de embalagens recicladas e paletes tratadas, podemos acrescentar ainda a opção pelo ECODESIGN: um plano e processo produtivo mais eficiente que permite uma redução nos impactos ambientais; a gestão das emissões de CO2 e implementação de medidas para a sua redução; a utilização de matérias-primas inertes e consequente redução de resíduos perigosos; e a implementação de um plano de racionalização energética dos processos e equipamentos.

EDP: Existem alguns produtos Revigrés - como o projeto EcoTECH - que reutilizam materiais e excedentes. Que importância tem para o sector cerâmico abordagens deste género e de que forma é que o futuro tenderá para este tipo de produtos?

P.R.: Consideramos que este tipo de abordagem é, e continuará a ser, extremamente relevante para o sucesso do setor da construção e de todos os agentes que nele operam.
Efetivamente, a sustentabilidade da construção assenta, cada vez mais, na utilização de materiais ecoeficientes cujo impacto social, económico e ambiental, permita cumprir os objetivos dos projetistas. 

Nesse sentido, os materiais cerâmicos deverão contribuir para a avaliação positiva dos sistemas de certificação ambiental dos edifícios, como o LEED (U.S. Green Building Council) e BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method). Com este objetivo, as coleções de revestimentos e pavimentos em grés porcelânico da Revigrés são certificadas com uma Declaração Ambiental de Produto (tipo III), segundo a Norma ISO 14025 e EN 15804. Para o efeito, foram sujeitas a um processo de análise do Ciclo de Vida (LCA) e devidamente validadas por uma entidade independente e internacional: o sistema IBU da organização alemã The Institut Bauen und Umwelt e.V.

Desta forma, os produtos destas coleções são um contributo significativo para a obtenção das certificações ambientais de edifícios e, consequentemente, para a sustentabilidade da construção.

EDP: Quais os desafios do futuro, em termos ambientais, para a Revigrés?

P.R.: Vamos dar seguimento a uma política ambiental que garanta a preservação de recursos naturais cada vez mais preciosos e contribua para um futuro ambientalmente sustentável. Pretendemos que a nossa atividade assente numa economia circular materializada na minimização da extração de recursos, maximização da sua reutilização, aumento da eficiência e desenvolvimento de novos produtos e modelos de negócio ecologicamente eficientes. Nesse sentido, em parceria com entidades do sistema científico, estamos a apostar na investigação de novos métodos de produção que visam a proteção do ambiente e a eficiência energética, além da preservação da saúde e do bem-estar.

Destacamos o projeto de investigação REVIDRY, emergente da necessidade de repensar o processo de produção tradicional, nomeadamente, em duas etapas com elevado consumo de água e energia - a moagem e a atomização - para garantir uma gestão ambiental mais eficiente, apenas possível através da evolução tecnológica. O projeto REVIDRY tem como objetivo o desenvolvimento de um novo processo de produção de revestimentos e pavimentos cerâmicos em porcelânico através da preparação de pasta por via seca, tornando o processo mais eco-eficiente e economicamente mais vantajoso.

EDP: Em que medida a Revigrés comunica esta vertente da sustentabilidade para os seus clientes?

P.R.: Consideramos que a aposta da Revigrés na sustentabilidade é uma vantagem competitiva que deve ser comunicada aos vários stakeholders. Nesse sentido, esta é uma mensagem presente em todos os momentos de comunicação da marca, nomeadamente, através de materiais de promoção e merchandising, canais digitais e media.

EDP: Este tipo de comunicação sustentável tem ou teve algum impacto na rentabilidade da empresa?

P.R.: O consumidor atual está cada vez mais sensibilizado para temas relacionados com a sustentabilidade ambiental, sendo as suas escolhas influenciadas, de forma crescente, por este fator. Acreditamos que, mais do que um impacto direto na rentabilidade da empresa, esta comunicação tem um efeito muito positivo na imagem e notoriedade da marca Revigrés.

 

Paula Roque

Managing Partner da Revigrés